Em tom contundente, o presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Léo Bortolin, classificou a Moratória da Soja como uma “fantasia ambiental disfarçada de causa nobre” e alertou que a medida pode causar prejuízos graves a quase 100 municípios do estado. A declaração foi feita nesta terça-feira (22), durante coletiva de imprensa.
Bortolin afirma que a AMM se posiciona contra a moratória com apoio unânime dos 142 municípios de Mato Grosso, destacando que a política ambiental, na prática, ameaça a base econômica de cidades inteiras, especialmente no norte do estado.
“Você imagina Carlinda, Alta Floresta, e outras cidades que migraram da pecuária para a agricultura agora serem impedidas de originar soja. Isso é inviável. Estamos falando de regiões onde o agro sustenta vidas”, declarou.
O presidente da AMM afirmou ainda que a moratória é usada como instrumento de controle comercial:
“Se apresenta como bandeira verde, mas é uma estratégia para domínio de mercado. Não protege o meio ambiente, protege interesses”.
Reação política em Brasília
Diante da polêmica, dez deputados estaduais de Mato Grosso estarão nesta quarta-feira (23) em audiência pública no Senado, para discutir os impactos da moratória e a recente suspensão da Lei nº 12.709/2024 pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A lei, sancionada em outubro de 2024, proibia o repasse de incentivos fiscais a empresas que aderem à moratória da soja.
A norma estadual, no entanto, foi suspensa por decisão do STF após ação movida por partidos como PCdoB, PSOL, Partido Verde e Rede Sustentabilidade, que alegam inconstitucionalidade na medida.
A tensão entre interesses ambientais, econômicos e políticos segue acirrada, com Mato Grosso no epicentro do debate nacional sobre produção agrícola e preservação ambiental.