Foto: Victor Ostetti
Da Redação
A Prefeitura de Cuiabá confirmou ter conhecimento da falta de medicamentos apontada em fiscalização do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT) e informou que está agindo para resolver o problema. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, há indícios de que empresas fornecedoras estariam atrasando a entrega de remédios já comprados como uma forma de pressionar a gestão a quitar dívidas herdadas da administração anterior, de Emanuel Pinheiro (MDB).
Para contornar a situação, a Empresa Cuiabana de Saúde Pública (ECSP) realizou, no início da semana, uma aquisição emergencial de medicamentos e insumos essenciais no valor de R$ 1,5 milhão, visando reabastecer todas as unidades de saúde da rede municipal. Além disso, um pregão de R$ 37 milhões está em andamento para a compra regular de suprimentos. A prefeitura destaca que, embora as entregas emergenciais devessem ser imediatas, algumas empresas contratadas não estão cumprindo os prazos, o que levanta a suspeita de pressão por pagamentos de débitos anteriores. Tais dívidas, segundo o município, já foram incluídas em um acordo de parcelamento firmado com o TCE-MT e o Ministério Público Estadual (MPE), devido à calamidade financeira enfrentada pela prefeitura.
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A fiscalização do TCE-MT, que está em andamento, já aponta a falta de medicamentos como um dos principais gargalos da saúde na capital. Um exemplo é a Unidade de Saúde da Família (USF) do bairro CPA III, vistoriada pelo conselheiro Guilherme Antonio Maluf. Embora a unidade seja bem avaliada pela população e tenha avanços na organização do atendimento, foi constatada a escassez de insulina e de remédios controlados. Maluf explicou que o objetivo da fiscalização não é punir, mas sim realizar uma ação pedagógica, levando os resultados ao Plenário e encaminhando recomendações aos municípios.
A auditoria do TCE-MT, a maior já realizada no estado com foco na atenção básica, abrange 72 unidades de saúde em 24 municípios. O conselheiro Valter Albano, coordenador da fiscalização, ressaltou que o trabalho vai além da estrutura física, priorizando a qualidade dos serviços prestados. A enfermeira Diana Mota, da USF do CPA III, confirmou as dificuldades no abastecimento da farmácia, com apenas cerca de 40% dos medicamentos disponíveis, e a dificuldade com insulina. Ela mencionou que o acesso de usuários de outros bairros também afeta o controle de estoques.
Apesar dos desafios, a enfermeira destacou pontos positivos na USF do CPA III, como o fim das longas filas e a regularidade na distribuição de imunizantes. Ela também informou que um mapeamento detalhado da população do bairro está em andamento para identificar o número de pacientes com doenças crônicas, gestantes e crianças, visando garantir um fornecimento mais adequado de insumos. Usuárias da unidade, como Milena Aparecida Fernandes e Suzana Barbosa, elogiaram o atendimento e a oferta de vacinas, mas reforçaram a necessidade de melhorias no abastecimento de remédios e na ampliação da equipe de profissionais.