Em um discurso firme e cheio de autocrítica, a prefeita de Várzea Grande, Flávia Moretti (PL), expôs os principais desafios e avanços do município no III Congresso Nacional de Gestão Pública, realizado nesta quinta-feira (29), em Brasília. Flávia foi a única prefeita de Mato Grosso convidada a palestrar no evento, que reuniu gestores de todo o país para debater inovação, sustentabilidade e transformação digital na administração pública.
Diante de autoridades, especialistas e colegas gestores, ela não fugiu dos problemas históricos que afetam a segunda maior cidade de Mato Grosso. “Várzea Grande não merecia estar nessa situação, mas estamos aqui para mudar essa realidade. Chegamos para encarar os desafios, com coragem e muito trabalho”, afirmou.
Crise hídrica e dívida bilionária
Entre os gargalos apontados, dois ganharam destaque: a crise no abastecimento de água e a dívida bilionária em precatórios. “Somos o maior devedor de precatórios de Mato Grosso, acumulamos uma dívida de R$ 1 bilhão, maior até que a do próprio governo estadual. Isso compromete 12% de toda nossa arrecadação, dinheiro que deixa de ser investido em obras e serviços para a população”, revelou.
A prefeita também escancarou o drama do saneamento básico. “Várzea Grande não tem água nas torneiras e trata apenas 12% do esgoto. Isso afasta empresas, trava o desenvolvimento e compromete a qualidade de vida da população”, disse.
Ela destacou que, logo ao assumir, correu atrás de destravar recursos federais que estavam bloqueados desde 2013, por falta de documentação. “Fui ao Ministério das Cidades e conseguimos recuperar parte desse dinheiro para investir em saneamento”, contou.
Soluções na prática
Entre as ações concretas apresentadas, Flávia destacou:
Retomada de cinco obras de creches e escolas municipais, paradas há mais de uma década, para ampliar o acesso à educação.
Implantação do programa Fila Zero na Saúde, que está zerando as filas de cirurgias eletivas com apoio do governo estadual.
Processo de concessão do Departamento de Água e Esgoto (DAE), como solução definitiva para a crise no abastecimento.
Início de obras estruturantes no bairro Paiaguás, que estavam esquecidas há anos.
Saúde em colapso, mas com avanços
A prefeita fez questão de ressaltar que o Pronto-Socorro Municipal, que deveria atender prioritariamente a população local, virou referência para toda a Baixada Cuiabana, o interior e até países vizinhos.
“É uma unidade antiga, precária, que nunca recebeu a devida atenção. São 192 leitos, mas recebemos até 400 pacientes por mês. Aderimos ao programa Fila Zero e já realizamos procedimentos que estavam parados há mais de 10 anos. Conversei com pacientes que esperavam por uma cirurgia há uma década”, relatou.
“Várzea Grande está de pé”
Encerrando sua participação, Flávia foi direta: “Nosso maior desafio é administrar uma cidade com poucos recursos e problemas acumulados há décadas. Mas Várzea Grande está de pé. Estamos mudando, e vamos continuar trabalhando para transformar nosso município, que não merece mais viver no abandono”, concluiu, arrancando aplausos da plateia.