30 de Abril de 2025, 07h:55 - A | A

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Propina coletiva

Polícia apura se vereador dividiu dinheiro de empreiteira com colegas em Cuiabá



A Operação Perfídia, deflagrada nesta terça-feira (29) pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor), escancarou um possível esquema de corrupção dentro da Câmara Municipal de Cuiabá que pode ir além dos dois vereadores já afastados: Sargento Joelson (PSB) e Chico 2000. A Polícia Civil investiga se a propina de R$ 250 mil paga pela empresa HB 20 Construções Eireli ao vereador Joelson foi repartida com outros parlamentares da legislatura encerrada em 2024.

A revelação consta na decisão da juíza Edna Ederli Coutinho, do Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo), que autorizou buscas nos gabinetes dos investigados, além do afastamento de ambos por 180 dias. Eles também estão proibidos de acessar o prédio do Legislativo e tiveram os passaportes recolhidos.

Trechos da decisão apontam que comprovantes de transferências via Pix e mensagens trocadas por WhatsApp indicam que o valor pode ter sido distribuído para garantir apoio à aprovação de um projeto de lei que viabilizaria o parcelamento de dívidas da Prefeitura com empresas contratadas. Segundo a juíza, Joelson teria afirmado a um intermediador que repassaria parte do dinheiro a colegas para garantir o quórum necessário à votação.

A preocupação do próprio vereador em evitar exposições que ligassem diretamente os envolvidos chamou atenção da magistrada. Em áudios analisados pela polícia, Joelson demonstra receio quanto à visita de um funcionário da HB 20 ao seu gabinete, sugerindo que o esquema operava em sigilo para evitar suspeitas.

Embora ainda não haja provas diretas de envolvimento do engenheiro da HB 20, Glaudecir Duarte Preza, nem do funcionário Jean Martins e Silva Nunes, a Justiça determinou a apreensão dos dispositivos eletrônicos de ambos. O objetivo é descobrir a origem do dinheiro usado na propina, como ocorreram as negociações e quem mais teria se beneficiado do esquema.

Pagamentos em espécie e via Pix

As investigações apontam que João Jorge Souza Catalan Mesquita, ligado à HB 20, teria feito uma transferência de R$ 150 mil via Pix para o empresário José Márcio da Silva Cunha, e entregue R$ 100 mil em espécie diretamente ao vereador Joelson, dentro da própria Câmara. Em troca, os parlamentares se comprometeram a aprovar medidas que destravariam o pagamento de contratos da empresa com o município.

A confirmação do repasse veio por meio das próprias conversas entre Joelson e João Jorge, obtidas via WhatsApp. Após a aprovação da medida na Câmara, a HB 20 recebeu R$ 4,8 milhões da Prefeitura, o maior valor pago à empresa desde o início do contrato.

Apesar de Chico 2000 não ter sido beneficiado diretamente, a Justiça apontou que ele teria dado aval para o recebimento da propina pelo colega, reforçando a suspeita de conivência com o esquema.

Além das buscas nos gabinetes, a Deccor também recolheu registros de entrada e saída e imagens de câmeras de segurança do prédio legislativo entre agosto de 2023 e agosto de 2024. A operação pode se desdobrar nos próximos dias, com o avanço na análise dos materiais apreendidos.

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