30 de Abril de 2025, 13h:02 - A | A

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Funcionário de empresa foi à Presidência da Câmara negociar propina a convite de Joelson; diz depoimento



João Jorge Souza Catalan Mesquita, funcionário da empresa HB20 Construções Eireli, afirmou em depoimento à Polícia Civil que vereadores de Cuiabá solicitaram o pagamento de propina durante uma reunião no gabinete da Presidência da Câmara Municipal.

Segundo ele, o pedido foi feito pelo vereador Sargento Joelson (PSB) e pelo então presidente da Casa, Chico 2000 (PL).

As informações constam nos autos da Operação Perfídia, deflagrada nesta terça-feira (29) pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor).

A investigação aponta que os vereadores condicionaram a liberação de valores devidos pela Prefeitura à HB20 por obras no Contorno Leste ao pagamento de R$ 250 mil em propina.

João Jorge relatou que foi levado por Joelson ao gabinete da Presidência, onde os dois parlamentares participaram da reunião. Segundo ele, naquele encontro foram iniciadas as negociações e parte dos pagamentos foi acertada.

Um trecho da decisão judicial que autorizou a operação destaca: “A representação policial apresenta indícios de que a Câmara de Cuiabá, especialmente os gabinetes dos vereadores investigados, foi usada como cenário para negociações ilícitas e entrega de parte da propina, desvirtuando a finalidade pública do mandato parlamentar.”

Em outro depoimento, o funcionário revelou que parte do valor exigido foi transferida via Pix, enquanto o restante foi entregue em dinheiro no gabinete de Joelson.

De acordo com a investigação, os pagamentos tinham como objetivo garantir apoio à aprovação do Projeto de Lei nº 244/2023, que autorizou o parcelamento de dívidas tributárias da Prefeitura e permitiu a liberação de repasses federais à empresa.

Após a aprovação da lei, a HB20 recebeu R$ 4.849.652,46 da Prefeitura  o maior repasse relacionado ao contrato da obra.

A juíza Edna Ederli Coutinho autorizou a apreensão das imagens das câmeras de segurança da Câmara e o acesso aos registros de entrada e saída de visitantes entre agosto de 2023 e agosto de 2024, com o objetivo de verificar a veracidade das visitas relatadas por João Jorge.

Em declaração à imprensa nesta terça-feira, Chico 2000 disse não se lembrar de ter recebido representantes da empresa, mas reconheceu que, como presidente da Câmara, recebeu diversas pessoas levadas por outros vereadores.

Sargento Joelson e Chico 2000 foram afastados dos cargos e estão proibidos de acessar a Câmara Municipal, os canteiros de obras do Contorno Leste e de manter contato com os demais investigados.

A apuração teve início após uma denúncia apresentada pelo atual prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), ainda durante seu mandato como deputado federal.

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