24 de Maio de 2025, 13h:00 - A | A

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CRÍTICAS

Ex-assessor de Bolsonaro chama Michelle de falsa crente

Fábio Wajngarten, ex-assessor de comunicação da Presidência e então aliado próximo de Jair Bolsonaro, chamava Michelle Bolsonaro de "falsa crente" .



Uma série de mensagens obtidas pelo site Poder360 escancarou um capítulo explosivo das tensões internas no núcleo bolsonarista: Fábio Wajngarten, ex-assessor de comunicação da Presidência e então aliado próximo de Jair Bolsonaro, elogiou uma reportagem que chamava Michelle Bolsonaro de "falsa crente" e demonstrava preferência por Lula em vez da ex-primeira-dama como possível candidata à Presidência.

Em mensagens trocadas em dezembro de 2022, poucos dias antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Wajngarten compartilhou com o advogado Frederick Wassef — outro nome de peso do bolsonarismo — uma matéria do portal Metrópoles que relatava críticas internas à Michelle, feitas por um auxiliar próximo do então presidente. "Não sei quem foi. Irei descobrir e cumprimentá-lo", escreveu Wajngarten, demonstrando concordância com os ataques à ex-primeira-dama.

Bastidores do racha
A reportagem detalhava os bastidores da transição conturbada entre o fim do governo Bolsonaro e a posse de Lula, revelando uma série de impropérios direcionados não apenas a Michelle, mas também a membros da ala militar do governo. O conteúdo foi interpretado como reflexo de um conflito latente entre diferentes correntes bolsonaristas.

Wajngarten, que ainda atuava como assessor de comunicação de Bolsonaro até recentemente, acabou sendo demitido do PL após a revelação dessas mensagens, que expuseram críticas internas e até mesmo uma aliança informal com adversários políticos.

Wassef, em contato com a reportagem, confirmou a autenticidade das mensagens e disse que, após recebê-las, confrontou Wajngarten, que teria admitido ser o autor dos comentários depreciativos.

Michelle reage
A própria Michelle Bolsonaro reagiu às críticas. Em troca de mensagens com o tenente-coronel Mauro Cid — ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e figura central em diversas investigações — ela compartilhou a mesma reportagem com a frase: “Agiu rápido, né?”. A mensagem foi interpretada como uma reação sarcástica à repercussão negativa que a matéria teve dentro do grupo bolsonarista.

Segundo o portal UOL, o celular de Cid, atualmente sob investigação, contém mais de 150 mil mensagens e 20 mil arquivos que detalham os bastidores do governo Bolsonaro, revelando críticas frequentes e até ironias dirigidas à ex-primeira-dama.

Em janeiro de 2023, novas mensagens reforçaram o distanciamento entre antigos aliados. Quando surgiu a possibilidade de Michelle disputar a presidência em 2026, Cid comentou com desdém: “Prefiro o Lula”. Wajngarten respondeu de forma categórica: “Idem”.

O “maçarico” do bolsonarismo
A série de episódios envolvendo Wajngarten lhe rendeu o apelido de "maçarico" entre ex-colegas da Secretaria de Comunicação: alguém que “queima” aliados nos bastidores. Sua trajetória no governo Bolsonaro foi marcada por atritos, suspeitas e polêmicas — inclusive uma investigação (posteriormente arquivada) por conflito de interesses ao manter sociedade em empresa de publicidade que prestava serviços ao governo.

Apesar das polêmicas, Wajngarten permaneceu por muito tempo como peça-chave da comunicação bolsonarista e chegou a atuar nas ações jurídicas contra o ex-presidente. Isso até julho de 2024, quando foi indiciado ao lado de Bolsonaro, Wassef e outros dez nomes no caso das joias sauditas — acusado de associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos.

A pressão interna pela sua saída se intensificou após o indiciamento. Em agosto de 2024, ele deixou a equipe de defesa jurídica de Bolsonaro. No entanto, só foi oficialmente desligado do PL e da função de assessor de comunicação na última semana, após o vazamento das mensagens contra Michelle.

Silêncio e repercussão
Procurado pela reportagem, Wajngarten não respondeu aos pedidos de posicionamento. Caso se manifeste, o texto será atualizado.

A nova crise aprofunda a fragmentação dentro do bolsonarismo, evidenciando disputas internas e ressentimentos entre antigos aliados. Ao que tudo indica, a guerra pelo comando do legado político de Bolsonaro está apenas começando — e não poupa nem mesmo os que um dia estiveram ao seu lado.

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