Após ser citada em um suposto esquema de propina revelado pela Operação Perfídia, a empresa HB20 Construções rompeu o silêncio e se defendeu oficialmente das acusações. Em nota divulgada nesta semana, a empreiteira afirmou que nunca autorizou qualquer tipo de pagamento ilícito e responsabilizou um ex-prestador de serviços, João Jorge Souza Catalan Mesquita, por agir sem autorização da diretoria.
A investigação, conduzida pela Polícia Civil de Mato Grosso, apura o pagamento de R$ 250 mil em propina para os vereadores Chico 2000 (PL) e Sargento Joelson (PSB), em troca de apoio à aprovação de um projeto de lei que destravaria recursos públicos para a empresa, responsável por obras no entorno do Contorno Leste, em Cuiabá.
Segundo a HB20, João Jorge jamais teve autorização legal para representá-la em negociações institucionais e já era alvo de uma denúncia interna por suspeita de irregularidades. “A tentativa de envolver o nome da empresa em atos ilegais, supostamente praticados por terceiros, é vista com extrema gravidade”, diz um trecho da nota assinada pelo advogado Flávio Moura.
Ainda de acordo com a empreiteira, todas as relações com o Poder Público são conduzidas com transparência e legalidade. A empresa destacou que colabora com as autoridades e reforçou seu compromisso com a ética, afirmando que espera a responsabilização de quem tiver envolvimento comprovado, “seja quem for”.
Bastidores do escândalo
Em depoimento à Polícia Civil, João Jorge relatou que a exigência da propina teria ocorrido dentro do gabinete da Presidência da Câmara Municipal, quando ocupado por Chico 2000, e com a presença de Sargento Joelson. A quantia, segundo ele, foi parcialmente paga por transferência via Pix e o restante entregue em espécie no gabinete parlamentar.
A denúncia está ligada à aprovação do Projeto de Lei nº 244/2023, que permitia o parcelamento de dívidas da Prefeitura e destravava repasses federais para a HB20. Com a aprovação do texto, a empresa teria recebido R$ 4,8 milhões, o maior repasse registrado até então no contrato com o município.
Os dois vereadores citados foram afastados de seus cargos por ordem judicial e estão proibidos de frequentar a Câmara de Cuiabá, visitar obras do Contorno Leste ou manter contato com demais investigados. Enquanto isso, a HB20 tenta se desvincular do escândalo e preservar sua imagem no mercado da construção pesada.
A investigação segue em andamento.