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02 de Julho de 2025, 09h:47 - A | A

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INDIGNAÇÃO PARLAMENTAR

Deputadas repudiam morte de bebês em frigorífico em MT e criticam indenização

Caso da venezuelana impedida de sair do trabalho durante mal-estar em Lucas do Rio Verde gera comoção e revolta nas redes sociais.



O caso da trabalhadora venezuelana que perdeu as filhas gêmeas após ser impedida de sair do frigorífico onde trabalhava em Lucas do Rio Verde (354 km de Cuiabá) continua repercutindo e gerando revolta entre parlamentares e na sociedade. As deputadas Janaina Riva (MDB) e Sâmia Bomfim (PSOL-RJ) se manifestaram nas redes sociais repudiando o episódio e criticando o valor da indenização fixada à família.

O episódio aconteceu em abril de 2024. Grávida de oito meses, a imigrante venezuelana de 32 anos passou mal no início do turno, por volta das 3h40, apresentando fortes dores, tontura, ânsia de vômito e falta de ar. Apesar dos insistentes pedidos de socorro, ela foi impedida de deixar o setor de produção, que seguia em funcionamento, e acabou entrando em trabalho de parto dentro do frigorífico. As duas crianças não resistiram.

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Para a deputada federal Sâmia Bomfim, o caso expõe a brutalidade das relações de trabalho no país, especialmente contra mulheres e imigrantes. "Isso está mais próximo de uma lógica de escravidão. Uma mulher, imigrante, grávida de gêmeas, foi impedida de sair do trabalho enquanto sentia dores e sinais claros de que algo estava errado. Não podemos normalizar esse tipo de tratamento", criticou.

A parlamentar também questionou a multa de R$ 150 mil por danos morais imposta à multinacional pela Justiça do Trabalho. "O que são 150 mil reais para uma empresa bilionária? Isso não repara a dor, o trauma, nem o absurdo dessa situação", afirmou Sâmia, cobrando punições mais severas e mudanças estruturais nas relações de trabalho.

A deputada estadual Janaina Riva também se manifestou, classificando o episódio como uma "tragédia" e questionando o valor da indenização. "A vida de duas crianças vale apenas R$ 150 mil? Isso revela o quanto ainda estamos distantes de garantir respeito, acolhimento e proteção às mulheres, principalmente às grávidas", afirmou.

Janaina destacou ainda que o caso expõe a falta de empatia e a frieza com que muitas empresas tratam gestantes. "Essa mãe foi ignorada, mesmo em trabalho de parto. É revoltante. Até quando vamos aceitar que a vida de mulheres e crianças valha tão pouco?", questionou.

A morte das gêmeas gerou forte comoção e reacendeu o debate sobre direitos trabalhistas, especialmente em ambientes industriais e em situações que envolvem mulheres grávidas. Organizações sociais e entidades de defesa dos direitos humanos também cobram punições exemplares e fiscalização mais rigorosa nas empresas do setor.

Até o momento, a empresa responsável pelo frigorífico não se pronunciou publicamente sobre as críticas.

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