Da Redação
O vereador Lucas Coelho (PSD), de 33 anos, de Araújos (MG), foi indiciado por homicídio doloso qualificado na última sexta-feira (13). Ele é suspeito de ter assassinado seu ex-noivo, o professor Jhonathan Silva Simões, de 31 anos, a tiros na porta de casa em 29 de maio. A família da vítima revelou que Jhonathan vivia com medo e havia reunido um "dossiê" informal de denúncias de agressões, ameaças e perseguições contra Lucas, incluindo uma ameaça explícita do vereador: "Vou derramar seu sangue, Formiga vai chorar seu luto".
Segundo a Polícia Civil, o crime foi cometido por motivo torpe, com dificuldade de defesa da vítima e indícios de premeditação. O relacionamento entre Jhonathan e Lucas durou cerca de um ano e terminou em fevereiro deste ano, em meio a brigas constantes e um "histórico de abusos psicológicos e físicos", conforme relatou Junio Pablo, primo da vítima, ao g1. A família de Jhonathan expressou choque e tristeza, jamais imaginando que as perseguições, agressões e ameaças pudessem resultar em uma tragédia tão brutal.
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Mesmo após o término, Lucas teria continuado a monitorar os passos de Jhonathan, supostamente rastreando seu celular e aparecendo em locais inesperados. O primo da vítima revelou que Lucas chegou a pegar o celular de Jhonathan várias vezes para verificar mensagens e ligações em busca de sinais de traição. Um dos momentos mais tensos ocorreu em Malaquias, distrito de Araújos, quando Jhonathan apareceu com o rosto machucado e relatou que Lucas o havia agredido e ameaçado, chegando a dizer que a família choraria sua morte em Formiga. Naquela ocasião, Jhonathan registrou um boletim de ocorrência, que só veio à tona após sua morte, onde ele manifestava temor pela própria vida.
As investigações apontam para um crime planejado. A Polícia Civil informou que Lucas alugou um carro preto em Bom Despacho no dia do assassinato, esperou Jhonathan por cerca de 45 minutos na porta de casa e fugiu após os disparos. As imagens foram capturadas pelo sistema de videomonitoramento “Olho Vivo”. Um dia antes de Lucas se apresentar à polícia, o carro utilizado no crime foi devolvido por seu advogado ao proprietário. Além disso, a análise de mensagens e dados de aplicativos reforça a premeditação do crime.
O inquérito policial foi concluído e encaminhado ao Ministério Público, que deve formalizar a denúncia por homicídio qualificado contra Lucas Coelho, que permanece preso. É importante ressaltar que Jhonathan havia registrado boletins de ocorrência e, inclusive, solicitado uma medida protetiva anteriormente. Naquela época, o pedido foi negado devido à legislação vigente que não previa esse tipo de proteção para casais homoafetivos. Após a entrada em vigor de uma nova lei que garante esse direito, Jhonathan, infelizmente, não voltou a solicitar a medida. A Câmara Municipal de Araújos já suspendeu o mandato e o salário do vereador.
