A Polícia Civil de São Paulo concluiu, na última quarta-feira (16), o inquérito que apura o caso das estudantes de medicina acusadas de zombar, em vídeo publicado nas redes sociais, da jovem Vitória Chaves da Silva, que faleceu em fevereiro após enfrentar uma longa batalha por meio de quatro transplantes.
As investigações apontam que as estudantes Thaís Caldeira Soares e Gabrielli Farias de Souza podem responder por crimes como injúria, difamação e até violência psicológica contra a mulher. O caso, que causou indignação pública e repercussão nacional, agora será analisado pela Justiça. Como o crime é de ação penal privada, caberá à mãe de Vitória formalizar queixa-crime para o prosseguimento do processo.
No vídeo que circulou nas redes sociais, uma das jovens aparece ironizando a resistência da paciente: “Essa menina tá achando que tem sete vidas?” – diz, em tom de deboche. A gravação foi removida das redes apenas após viralizar e gerar revolta.
Vitória, que lutava contra uma rara cardiopatia congênita conhecida como Anomalia de Ebstein, morreu em decorrência de choque séptico e insuficiência renal crônica. Ela estava internada no Instituto do Coração (Incor), em São Paulo, e era símbolo de superação nas redes, onde compartilhava sua jornada de saúde desde o primeiro transplante, realizado ainda na infância, em 2005.
Em nota, as estudantes afirmaram que o vídeo foi mal interpretado e negaram a intenção de ofender a paciente ou expor sua identidade. Segundo elas, a gravação teria sido feita dentro de um ambiente de aprendizagem e tratava-se apenas de surpresa diante de um caso raro.
"Pedimos desculpas sinceras à família. Nossa intenção jamais foi ferir ou debochar de ninguém", disseram em um vídeo de retratação.
Apesar da tentativa de justificar o conteúdo, o advogado Henrique Cataldi, especialista em direito penal, apontou que o material publicado pode agravar as penas previstas, uma vez que foi disseminado em redes sociais, ampliando o alcance do dano à honra da vítima.
As penas previstas para os crimes variam de três meses a dois anos de prisão, além de multas. As estudantes também podem enfrentar sanções acadêmicas, como advertência ou até desligamento das instituições de ensino.
As faculdades envolvidas, Anhembi Morumbi (SP) e Faseh (MG), divulgaram notas lamentando o episódio, se solidarizando com a família da vítima e informando que os casos estão sendo apurados internamente.
A história de Vitória, marcada pela coragem e pela luta pela vida, se transformou em símbolo de respeito à dignidade humana — e agora também em alerta sobre os limites da ética, mesmo dentro das futuras gerações de profissionais da saúde.
Vejao o vídeo do caso;