A Polícia Federal (PF) cumpriu nesta quarta-feira (30) em São Paulo a ordem de prisão contra o empresário turco naturalizado brasileiro, Mustafa Goktepe, ligado ao movimento Hizmet. Este movimento é considerado como "terrorista" pelo líder turco Recep Tayyip Erdogan, que o acusa de estar envolvido em uma alegada tentativa de golpe em 2016.
É a terceira vez que o governo turco tenta a extradição de membros do Hizmet no Brasil, com os pedidos anteriores sendo negados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). É importante ressaltar que apenas a Turquia rotula o Hizmet como terrorista, sendo que pedidos de extradição desse tipo são geralmente rejeitados em outros países.
Erdogan exerce controle sobre o sistema judiciário na Turquia, onde as garantias legais e a liberdade de expressão foram suprimidas. Isso foi evidenciado pela recente prisão do prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, por acusações infundadas de corrupção, extorsão, suborno, lavagem de dinheiro e apoio ao terrorismo.
Além disso, é importante mencionar que Goktepe é cidadão brasileiro desde 2012 e possui laços familiares no Brasil. Ele também é empreendedor e possui uma rede de restaurantes e escolas, além de dirigir o Instituto pelo Diálogo Intercultural, que promove a cooperação entre diferentes religiões, etnias e culturas no país.
O Hizmet foi criado sob a liderança do sufi Fethullah Gülen, defensor do diálogo inter-religioso. Após uma alegada tentativa de golpe em 2016, Erdogan intensificou a perseguição contra Gülen e o movimento Hizmet, buscando um inimigo para justificar sua permanência no poder.
Vale ressaltar que diversos governos internacionais rejeitaram os pedidos de extradição de Gülen, considerando que se tratava de uma perseguição política.