Da Redação
A Polícia Federal (PF) revelou na quarta-feira (28) a existência de uma organização criminosa formada por militares e civis, que seria especializada em espionagem e assassinatos por encomenda. As investigações indicam que o grupo chegou a criar uma tabela de preços para matar autoridades do Judiciário e do Congresso Nacional. Essa descoberta faz parte da sétima fase da Operação Sisamnes, que investiga a morte do advogado Roberto Zampieri, executado em Cuiabá, Mato Grosso, em dezembro de 2023.
A PF informou que os criminosos teriam criado uma empresa de fachada que, na verdade, funcionava como um centro de serviços ilegais. Embora registrada como empresa de segurança, ela oferecia atividades clandestinas como monitoramento ilegal e execuções, e se autodenominavam informalmente "Comando C4: Caça Comunistas, Corruptos e Criminosos". Entre os cinco presos na operação está o coronel da reserva do Exército Etevaldo Caçadini de Vargas, considerado um dos líderes do grupo. Ele já havia sido detido em janeiro por suspeita de envolvimento na morte de Zampieri.
A investigação encontrou registros escritos à mão pelos criminosos, que detalhavam os valores para a execução das vítimas, com preços que variavam de acordo com o cargo. Por exemplo, parlamentares teriam um preço de R$ 100 mil, senadores R$ 150 mil e ministros do Judiciário, como os do Supremo Tribunal Federal (STF), até R$ 250 mil. Pessoas comuns apareciam na tabela por R$ 50 mil. O planejamento dos crimes incluía aluguel de imóveis, uso de disfarces como perucas e bigodes, drones e até a contratação de garotas de programa como iscas. O arsenal à disposição do grupo era impressionante, com fuzis de precisão, pistolas silenciadas, lança-rojões, minas magnéticas, explosivos e veículos clonados. Parte desse material foi apreendida em Minas Gerais.
Além do coronel Caçadini, foram presos Aníbal Manoel Laurindo (apontado como mandante do assassinato), Antônio Gomes da Silva (suposto executor), Hedilerson Barbosa (intermediador) e Gilberto Louzada da Silva. A Polícia Civil de Mato Grosso já havia indiciado o grupo em 2024, e as novas evidências reforçam as investigações anteriores. A PF mantém o sigilo sobre o caso, que continua investigando o assassinato de Zampieri e possíveis ligações do grupo com esquemas de venda de decisões judiciais em tribunais.