02 de Maio de 2025, 08h:58 - A | A

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Levantamento

PF aponta laranjal em 7 entidades do INSS que faturaram R$ 1,7 bilhão



A Polícia Federal realizou um minucioso levantamento de todas as entidades envolvidas na controversa situação do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), levantando suspeitas de que os dirigentes destas entidades possam ser apenas "laranjas" de empresários que lucram indevidamente com descontos sobre aposentados. 

Sete associações, que acumularam um total de R$ 1,7 bilhão desde a assinatura de acordos de cooperação técnica com o órgão, foram identificadas nesse levantamento. Entre os dirigentes destas associações, encontram-se beneficiários do programa Bolsa Família, aposentados com idade avançada e renda familiar modesta, parentes e até mesmo uma faxineira de empresa que recebeu quantias milionárias destas associações envolvidas no esquema. 

Este nefasto elo entre "laranjas" e empresários foi revelado pelo Metrópoles ao longo da série de reportagens intitulada Farra do INSS.

As investigações comprovam que este gigantesco esquema de fraude nos descontos de mensalidades sobre aposentados não apenas lesou milhões de brasileiros nos últimos anos, mas também teve um impacto direto e negativo na fila de espera de benefícios em todo o país, resultando em um prejuízo operacional de R$ 5,9 milhões para o próprio INSS. 

Muitos aposentados que figuram como dirigentes formais destas entidades, frequentemente, deram procuração para que empresários e até mesmo o lobista Antonio Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS", agissem em seu nome. Há suspeitas de que parte destas associações tenha subornado dirigentes do órgão.

A Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (AAPB) é um exemplo dessas entidades, tendo firmado acordo de cooperação técnica em 2021 com o então diretor José Carlos de Oliveira, que posteriormente tornou-se ministro da Previdência no governo Bolsonaro. 

Desde então, a associação já faturou R$ 168 milhões. Há relatos de que a entidade deu procuração para Roberto Marinho Luiz da Rocha, que está envolvido em transações financeiras suspeitas. Além disso, a associação é apontada como uma das fontes de pagamento para Cecília Mota, suspeita de ser operadora de repasses a servidores do INSS.

Outra entidade suspeita é a Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (AAPEN), que acumulou R$ 233 milhões em sua trajetória. Comandada por Maria Eudenes dos Santos, uma beneficiária de programas sociais, a AAPEN deu amplos poderes a Tiago Alves de Araújo, envolvido em transações duvidosas em parceria com Cecília Mota. 

A Unaspub, por sua vez, tinha Maria das Graças Ferraz como presidente, uma aposentada por incapacidade que deu procuração a Antônio Lúcio Caetano Margarido, proprietário de diversas empresas de seguros e envolvido em movimentações suspeitas. Estes são apenas alguns exemplos do intricado esquema de corrupção envolvendo o INSS e suas associações filiadas.

Em resumo, a complexa teia de corrupção e fraudes descoberta pela Polícia Federal e divulgada pelo Metrópoles revela um cenário alarmante de desvio de recursos e enriquecimento ilícito às custas dos aposentados e pensionistas do país. 

O desdobramento deste escândalo certamente terá grandes repercussões no âmbito político e social, exigindo medidas enérgicas para punir os responsáveis e garantir a integridade do sistema previdenciário nacional.

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