Uma investigação publicada pelo jornal Estadão revelou a crescente sofisticação do Primeiro Comando da Capital (PCC), maior facção criminosa da América Latina. Segundo a reportagem, o grupo — que teria cerca de 40 mil membros, conforme estimativas de 2023 da revista The Economist — está lavando dinheiro em pelo menos 13 setores da economia brasileira, expandindo seus tentáculos para além do tráfico de drogas e assassinatos.
Entre as áreas já dominadas ou infiltradas pela facção estão o transporte público, a coleta de lixo, o mercado imobiliário e até o futebol português — com participação em clubes de terceira divisão e sites de apostas online. As informações constam em investigações da Polícia Federal concluídas no fim de 2024.
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O Estadão também destaca que o PCC se estruturou como uma verdadeira organização empresarial, com departamentos internos — chamados de "sintonias" — especializados em áreas jurídicas, financeiras e operacionais, dando suporte legal aos membros da facção e às suas atividades econômicas.
Outro ponto alarmante é a suspeita de relação comercial com o grupo Hezbollah. De acordo com os investigadores, as conexões incluem tráfico de armas, contrabando de cigarros e esquemas transnacionais de lavagem de dinheiro.
Apesar do avanço do crime organizado, o governo federal ainda não aprovou uma lei considerada essencial no enfrentamento a essas organizações. A demora na tramitação de um projeto de lei antimáfia no Congresso tem gerado críticas à gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O atraso é visto por especialistas como um sinal de fragilidade institucional diante da capacidade de articulação e infiltração da facção.
A revelação reforça o alerta de autoridades internacionais e nacionais sobre a consolidação do PCC como uma das organizações criminosas mais influentes do continente, com operações que já cruzam fronteiras e desafiam a resposta do Estado.