Lucas Bellinello
A produção industrial brasileira caiu 0,5% em maio na comparação com abril, marcando o segundo mês seguido de retração — em abril, o recuo havia sido de 0,2%. O setor mais afetado foi o de veículos automotores, reboques e carrocerias, que despencou 3,9%. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal, divulgada nesta quarta-feira (2) pelo IBGE.
Ao todo, 13 dos 25 ramos industriais pesquisados registraram queda em maio. Além dos veículos, puxaram a produção para baixo os setores de derivados de petróleo (-1,8%), alimentos (-0,8%), metalurgia (-2,0%), bebidas (-1,8%), vestuário (-1,7%) e móveis (-2,6%).
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A única contribuição positiva relevante veio da indústria extrativa, que subiu 0,8%.
Impacto dos juros altos
Segundo o gerente da pesquisa, André Macedo, o desempenho de abril e maio corrige o forte crescimento observado nos primeiros três meses do ano, quando o setor acumulou alta de 1,5%. Com as quedas mais recentes, o crescimento acumulado em 2025 caiu para 0,7%.
Macedo destaca que os juros altos vêm pesando no setor industrial, ao encarecer o crédito e desestimular o consumo e os investimentos. A taxa Selic está atualmente em 15% ao ano — e, segundo o Banco Central, os efeitos dela sobre a inflação costumam aparecer entre seis e nove meses depois.
Apesar da queda recente, a indústria ainda apresenta alta de 3,3% em relação a maio de 2024. No acumulado de 12 meses, o crescimento é de 2,8%, mantendo o setor 2,1% acima do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020). No entanto, o patamar ainda está 15% abaixo do pico registrado em maio de 2011.
Consumo em baixa
Entre as quatro grandes categorias industriais, três tiveram desempenho negativo em maio:
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Bens de consumo duráveis: -2,9%
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Bens de capital: -2,1%
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Bens de consumo semi e não duráveis: -1%
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Bens intermediários: +0,1%
A maior queda foi nos bens duráveis, puxada pela menor produção de carros, motocicletas e eletrodomésticos da linha marrom (como TVs e aparelhos de som), segmentos mais sensíveis ao crédito.
Com Agência Brasil