Da Redação
Gabrieli Daniel de Souza, de 31 anos, técnica em enfermagem, foi brutalmente assassinada no último domingo (25) na frente dos filhos, pelo seu companheiro, o policial militar Ricker Maximiano de Moraes, de 35 anos. A vítima, que tentava se desvencilhar de um relacionamento marcado por violência e controle, havia até mesmo buscado refúgio no Pará, onde sua família reside.
Familiares e amigos de Gabrieli relatam que ela tentou escapar do relacionamento abusivo ao fugir para o Pará. Contudo, a perseguição de Ricker se estendeu até lá, onde ele teria, inclusive, ameaçado os parentes da companheira com uma arma de fogo. O medo levou Gabrieli a retornar para Cuiabá e retomar o relacionamento, mesmo já estando grávida de sua filha mais nova, hoje com três anos.
Um histórico de ameaças e controle
Relatos próximos à vítima descrevem Ricker como um homem possessivo e violento, que mantinha Gabrieli isolada de amigos e familiares, controlando-a constantemente por telefone. Apesar dos claros sinais de risco, a técnica em enfermagem, que conviveu com o policial por cerca de 10 anos, nunca registrou queixas formais contra ele.
A execução de Gabrieli, que estava concluindo seu curso de técnica em enfermagem e se preparava para a festa de formatura em julho, devastou a família. Colegas de curso e ex-companheiros de trabalho prestaram uma homenagem emocionada em Cuiabá, antes de o corpo ser transladado para o Pará, em uma viagem que incluiu um voo do Ciopaer até Santarém e um percurso terrestre de 400 quilômetros até Trairão para o sepultamento.
Detalhes do crime e prisão
Ricker, policial militar lotado em Diamantino, efetuou três disparos contra Gabrieli na cozinha da casa do casal, no bairro Praeiro. Após o crime, ele levou os filhos, de 5 e 3 anos, para a casa de seus pais, onde também deixou a arma utilizada. Horas depois, o PM se entregou.
Em depoimento na Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Ricker foi interrogado e autuado em flagrante por feminicídio. Durante o interrogatório, ele se mostrou abalado e chorou, mas não revelou a motivação do crime. O juiz plantonista Francisco Ney Gaíva converteu a prisão em flagrante para preventiva durante a audiência de custódia.
PM enfrentaria júri por tentativa de homicídio
A brutalidade do assassinato ganha um contorno ainda mais sombrio ao revelar que Gabrieli estava arrolada como testemunha de defesa do marido em um processo por tentativa de homicídio, cujo julgamento estava marcado para esta quarta-feira (28) no Fórum de Cuiabá.
Ricker Maximiano de Moraes seria julgado pelo crime ocorrido em 23 de junho de 2018, na avenida General Melo. Segundo a denúncia do Ministério Público, ele teria disparado pelas costas contra um adolescente de 17 anos na época. A vítima, que estava caminhando com amigos, foi abordada de forma violenta pelo PM enquanto este discutia com Gabrieli. Após os adolescentes saírem correndo, Ricker os perseguiu e efetuou os disparos. O adolescente foi atingido na região glútea esquerda, submetido a cirurgia de emergência e ficou com sequelas permanentes na função urológica, necessitando usar sonda para esvaziar a bexiga.
Com informação da A Gazeta.