24 de Maio de 2025, 14h:18 - A | A

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CRISE DE CONFIANÇA

Ex-PM Ronnie Lessa denuncia suposta sabotagem alimentar e vive à base de pão em presídio de SP



O ex-policial militar Ronnie Lessa, condenado pelo assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes, está se alimentando exclusivamente de pão na Penitenciária 1 de Tremembé (SP). O motivo, segundo ele, seria uma suposta sabotagem por parte de agentes penitenciários, que estariam colocando laxantes em sua comida.

A denúncia partiu do próprio Lessa e foi relatada a familiares e advogados. Ele afirma que o boicote alimentar faz parte de uma série de retaliações sofridas desde que aceitou colaborar com a Polícia Federal em um acordo de delação premiada — que resultou na prisão dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, além do ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa. Os três são acusados de envolvimento no planejamento do crime, mas negam participação.

Internado na P1 de Tremembé desde junho de 2023, Lessa já havia relatado anteriormente estar isolado em condições que ele descreveu como semelhantes a uma solitária, sem acesso a banho de sol ou ao convívio com outros detentos. A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), no entanto, afirma que o ex-PM tem sim direito ao banho de sol, mas em pátio separado, por questões de segurança.

A penitenciária onde ele está preso é conhecida por abrigar membros de facções criminosas, o que aumentaria o risco de retaliações internas. Diante das acusações feitas por Lessa, a direção da unidade instaurou um procedimento administrativo para investigar as alegações.

Crise de confiança após delação
Desde que aceitou o acordo de delação, Lessa tem se queixado de ter sido deixado de lado pelo sistema. Segundo fontes próximas, ele esperava ser transferido para um regime mais seguro e menos rigoroso, mas enfrenta isolamento e desconfiança por parte de colegas detentos e servidores.

Ele também questiona os termos do acordo firmado com a PF, alegando que os benefícios prometidos não estão sendo cumpridos. Nos bastidores, interlocutores afirmam que Lessa se sente “usado” e teme por sua segurança dentro da penitenciária.

Relembre o caso Marielle
A execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 14 de março de 2018, no centro do Rio de Janeiro, chocou o país e se tornou um símbolo da luta por justiça. Os disparos, 13 no total, foram feitos por Ronnie Lessa, segundo a investigação. A munição de calibre 9 mm atravessou o veículo e atingiu também Anderson, que morreu no local. A assessora da parlamentar, Fernanda Chaves, sobreviveu ao atentado.

A delação de Lessa apontou os irmãos Brazão como mandantes do crime e o delegado Rivaldo Barbosa como mentor intelectual da ação. O caso, agora, tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), em uma ação penal de forte repercussão política e social.

Enquanto a Justiça tenta esclarecer os últimos detalhes do crime que abalou o Brasil, o homem que puxou o gatilho vive sob suspeita — e pão.

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