Uma investigação da Delegacia do Consumidor (Decon) escancarou um esquema de fraudes no mercado de empréstimos consignados que vai além da imaginação. Empresas do setor são suspeitas de comprar celulares e ativar chips utilizando o CPF de servidores públicos, tudo sem autorização, para forjar contratos de empréstimos em nome das vítimas.
O delegado Rogério Ferreira, responsável pelo caso, revelou que os criminosos não só coletavam dados dos servidores, como também realizavam as transações diretamente em aparelhos comprados com os dados das vítimas, criando uma falsa impressão de legalidade e consentimento.
“Chegou ao ponto de adquirirem celulares e habilitarem linhas telefônicas vinculadas ao CPF dos servidores. Instalavam os aplicativos bancários, realizavam as operações, e depois entregavam o aparelho como se fosse um presente, dizendo que a negociação havia sido feita por eles mesmos. Isso é fraude disfarçada de formalidade”, explicou o delegado.
O golpe começa no momento da oferta do crédito. De acordo com a Decon, os alvos principais são servidores em situação de vulnerabilidade financeira, que muitas vezes sequer percebem que, ao fornecerem informações pessoais, estão entregando acesso total aos suspeitos.
Além disso, as empresas, de forma sorrateira, induzem os servidores a repassar logins e senhas de acesso a portais do governo, facilitando ainda mais o golpe. A partir daí, são realizados contratos, transferências e movimentações financeiras como se as próprias vítimas tivessem autorizado.
“É uma prática extremamente enganosa. Cria-se uma aparência de que foi o próprio servidor quem fez a contratação, quando, na verdade, ele mal entende o que está sendo oferecido”, destacou Ferreira.
Força-tarefa contra fraudes
O esquema veio à tona após uma série de denúncias de empréstimos realizados sem consentimento, com simulações fraudulentas e cláusulas abusivas que mergulhavam as vítimas em dívidas impagáveis.
A Polícia Civil já trata o caso como uma ação organizada e trabalha numa força-tarefa que deve aprofundar as investigações e identificar todos os envolvidos.
O delegado alerta que os servidores que desconfiarem de movimentações suspeitas, contratação de serviços que não reconhecem ou contas abertas em seu nome devem procurar imediatamente a Decon ou qualquer unidade da Polícia Civil, além de monitorar seus dados cadastrais e financeiros.
Fonte: Olhar Direito
Henrique Dornelas 29/05/2025
E a assembleia legislativa não vai abrir CPMI?
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