O coronel José Augusto Coutinho assume o comando da Polícia Militar de São Paulo em um momento crítico: a corporação enfrenta uma crescente letalidade policial e denúncias de envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Em dezembro de 2024, o governador Tarcísio de Freitas reconheceu uma crise institucional na segurança pública do estado.
Coutinho, conhecido por sua proximidade com o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, terá que lidar com a pressão política crescente, especialmente com as eleições de 2026 se aproximando. A troca no comando da PM foi adiada anteriormente por considerações políticas, temendo-se que uma mudança prematura pudesse ser interpretada como sinal de fraqueza.
Um dos maiores desafios do novo comandante é o escândalo envolvendo o assassinato do corretor de imóveis Vinícius Gritzbach, ocorrido em novembro de 2024. Gritzbach, que havia denunciado corrupção entre policiais e lavagem de dinheiro do PCC, foi executado com a colaboração de PMs da ativa. Investigações apontam que a execução foi planejada por membros da corporação, com três policiais militares indiciados por homicídio qualificado e associação criminosa.
Além disso, investigações revelaram que policiais da Rota, unidade de elite da PM, vazavam informações sigilosas para traficantes do PCC, permitindo que líderes da facção evitassem prisões e prejuízos em operações policiais.
Em relação à letalidade policial, dados do Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública (Gaesp) indicam uma redução de 25% nas mortes decorrentes de intervenção policial nos três primeiros meses de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024. No entanto, episódios de violência continuam a gerar questionamentos sobre a atuação da corporação. Em abril, a morte de um ambulante senegalês durante uma abordagem no Brás e de um jovem em Piracicaba evidenciaram práticas de violência policial.
O coronel Coutinho terá que implementar reformas internas rigorosas para restaurar a confiança da população e garantir que a PM atue com transparência e respeito aos direitos humanos. A sociedade e as autoridades aguardam medidas concretas para combater a corrupção interna e a violência policial.