Envolvido em suspeitas de corrupção milionária, o frigorífico Superfrigo voltou a desafiar a Justiça ao se negar a apresentar documentos financeiros exigidos em um processo de apuração de irregularidades. A juíza Célia Vidotti, da Vara de Ações Coletivas do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, deu um prazo de cinco dias para que o Ministério Público Estadual (MPMT) decida quais medidas adotará diante da resistência da empresa.
O Superfrigo é acusado de pagar R$ 2,5 milhões em propina para garantir incentivos fiscais durante o governo de Silval Barbosa. A perícia contábil que investiga as movimentações financeiras da empresa ficou comprometida pela ausência de extratos bancários, especialmente de contas mantidas no Banco Bradesco. Apesar de repetidas intimações, o frigorífico alegou dificuldades para obter os documentos, justificando o descumprimento pelo "tempo decorrido" desde as transações.
Diante da reiterada negativa, a juíza Vidotti decidiu aguardar a manifestação do MPMT, que pode pedir novas medidas mais severas contra o frigorífico.
Segundo a denúncia, Marcel de Cursi — então secretário de Fazenda — teria autorizado diretamente a concessão de benefícios fiscais à Superfrigo em 2012. Em troca, o empresário Ciro Miotto, proprietário da empresa, teria repassado R$ 2,5 milhões em propina. Parte do dinheiro, segundo o Ministério Público, teria sido usada para quitar um empréstimo que financiou o esquema do "Mensalinho" na Assembleia Legislativa.
A resistência do frigorífico em colaborar reforça as suspeitas de envolvimento em práticas ilícitas e pode agravar sua situação judicial.