O policial penal Luiz Otávio Natalino, investigado por corrupção passiva e tráfico de influência dentro do sistema penitenciário de Mato Grosso, virou réu e continuará afastado de suas funções. A decisão é do juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, que reiterou a necessidade do afastamento para evitar novos crimes ou interferências nas investigações.
O servidor é apontado pelo Ministério Público como um dos alvos das operações Ragnatela e Caixa de Pandora, que desmantelaram esquemas milionários de corrupção e lavagem de dinheiro ligados ao Comando Vermelho (CV), uma das maiores facções criminosas do país.
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De acordo com a denúncia, Natalino teria usado sua posição no sistema prisional para facilitar a entrada de itens ilícitos e negociar transferências de presos mediante pagamento. Um dos casos investigados envolve supostas tratativas com o detento Willian Aparecido da Costa Pereira, o "Gordão", oferecendo mudanças de unidade prisional em troca de vantagens financeiras.
O policial penal ainda teria mencionado falsamente o nome do então diretor do Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC), Winkler de Freitas Teles, como se ele participasse do esquema. Winkler negou envolvimento e, por falta de provas, a Justiça determinou o arquivamento do inquérito em relação a ele e outros investigados.
Enquanto isso, Natalino permanece afastado do cargo e foi oficialmente citado para apresentar defesa no processo. O juiz destacou que há indícios suficientes de materialidade e autoria dos crimes atribuídos ao réu, justificando a continuidade da ação penal e a manutenção das medidas cautelares.
A Operação Ragnatela apura ainda a atuação de agentes públicos em um esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo CV, com a utilização de estabelecimentos comerciais em Cuiabá. Entre os investigados está o ex-vereador Paulo Henrique de Figueiredo (MDB), que responde em outra ação relacionada ao caso.
Já a Caixa de Pandora, deflagrada em junho do ano passado, expôs o poder da facção dentro da Penitenciária Central do Estado (PCE), revelando regalias, corrupção e a presença de eletrodomésticos e até "mercadinhos" controlados por detentos, com conivência de servidores.
A Justiça reforçou que o afastamento de Natalino seguirá vigente como forma de preservar a lisura das investigações e prevenir a repetição das condutas ilícitas no ambiente prisional.