O Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPMT) apresentou denúncia contra quatro policiais militares da Rondas Táticas Móveis (Rotam), suspeitos de integrarem um grupo conhecido como “Gol Branco”, apontado como um verdadeiro “esquadrão da morte”. Eles são acusados de assassinatos, tentativas de homicídio e manipulação de cenas de crime, entre eles o do advogado Renato Nery, executado em julho de 2024 em frente ao seu escritório em Cuiabá.
Segundo as investigações, o grupo forjou confrontos armados para ocultar as armas usadas nos crimes e alterar fatos, tentando responsabilizar supostos criminosos pelas execuções. A pistola Glock 9mm utilizada nas ações pertence à Polícia Militar de Mato Grosso, conforme laudos periciais.
Áudios e mensagens recuperadas de celulares dos acusados, trocadas em grupos no WhatsApp, revelam um comportamento brutal e a naturalização da violência, inclusive com um dos PMs sendo chamado de “exterminador”, que “só pensa em matar”. As conversas ainda indicam que os policiais articulavam versões falsas para evitar contradições nos depoimentos.
A denúncia inclui crimes graves como homicídio qualificado, tentativa de assassinato, organização criminosa, falsidade ideológica e abuso de autoridade. A promotoria alerta para o uso do aparato estatal nas execuções e o risco de fuga dos envolvidos, que apesar de terem sido presos preventivamente, já respondem em liberdade.
O caso expõe um problema grave de segurança pública e abuso dentro da corporação, colocando em xeque a credibilidade de agentes que deveriam proteger a população. A Justiça deve decidir nos próximos meses se aceita a denúncia e dá início ao julgamento do grupo.