A eleição que definiria a nova diretoria da Associação dos Camelôs do Shopping Popular de Cuiabá foi suspensa pela Justiça. A decisão liminar é do juiz Pierro de Faria Mendes, da 5ª Vara Cível da Capital, que acatou pedido de uma das associadas, Benedita Florência da Silva, alegando falta de transparência nas contas e violação do estatuto da entidade.
Marcado para a próxima segunda-feira (28), o pleito foi interrompido após denúncias de má gestão financeira, especialmente no período pós-incêndio que destruiu o centro comercial, em julho de 2024. De acordo com Benedita, a atual diretoria, comandada por Misael Galvão — que busca a reeleição — não prestou contas nem apresentou seguro patrimonial, mesmo com uma arrecadação mensal que ultrapassava os R$ 950 mil, pagos por cerca de 625 lojistas.
Outro ponto crítico apontado na ação é a cobrança de mais de R$ 1,1 milhão em caráter emergencial, repassado aos associados após o incêndio, sem aprovação em assembleia — o que fere o estatuto da entidade. A cobrança deveria ser quitada em apenas oito dias, com previsão de novos reajustes.
Diante dos indícios de irregularidades, o juiz entendeu que seguir com o processo eleitoral poderia causar prejuízo irreversível aos comerciantes e determinou a suspensão imediata da votação. O caso foi encaminhado ao Cejusc (Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania) para tentativa de conciliação entre as partes.
Caso não haja acordo, a associação terá até 15 dias úteis, contados após a audiência ou sua dispensa, para apresentar defesa. A falta de manifestação poderá resultar em revelia e acelerar a tramitação do processo.
A crise no Shopping Popular escancara a insatisfação dos lojistas, que enfrentam prejuízos acumulados e agora cobram respostas sobre a gestão dos recursos e o futuro da entidade. A decisão judicial reacende o debate sobre a transparência e o papel das associações na defesa dos direitos dos pequenos comerciantes.