Da Redação
A Polícia Federal (PF) está avançando em uma investigação sobre um esquema de corrupção que envolve assessores do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O foco da apuração, como revelado pelo UOL, é como os envolvidos lavavam dinheiro e pagavam propina a funcionários públicos. Uma das estratégias usadas pelo grupo, que incluía o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves e o advogado Roberto Zampieri (assassinado no final de 2023 em Cuiabá), era a entrega de dinheiro em espécie, segundo a PF.
A investigação revelou que foram feitos saques milionários nos últimos anos e que havia mensagens que, para a polícia, indicavam a entrega de valores aos assessores. A apuração começou no final do ano passado, quando o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) encontrou no celular do advogado Zampieri mensagens que sugeriam que ele tinha acesso a decisões sigilosas do STJ antes de serem divulgadas. A partir daí, a PF começou a investigar se assessores de ministros estavam passando informações confidenciais para Andreson e Zampieri.
Novos detalhes surgiram de diálogos extraídos do celular de Zampieri. Em uma conversa, ele menciona ter transportado uma "encomenda" para entregar a um chefe de gabinete de um ministro – que ainda não foi identificado – o que a PF acredita ser uma referência à entrega de dinheiro vivo. Além disso, em outra conversa, Zampieri sugeriu a um interlocutor que seriam necessários "uns 20 milhões para investir lá em cima" para resolver um processo no STJ. Dados do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) mostram que Zampieri sacou R$ 8,2 milhões em dinheiro vivo entre 2019 e 2022.
A PF descreve a existência de uma rede sofisticada de lavagem de dinheiro, criada para esconder os pagamentos de propina e não ligar os corruptores aos funcionários públicos. A investigação também aponta que outros pagamentos em dinheiro vivo eram feitos por um funcionário de Andreson, João Batista, que recebeu R$ 2,6 milhões em suas contas e sacou cerca de R$ 800 mil. A polícia ainda investiga outros métodos de lavagem, como o uso de doleiros, boletos falsos e compensação de cartões de crédito com faturas fraudulentas, tentando ligar essas operações a gastos pessoais de assessores do STJ.
Conforme informou o UOL, a PF também encontrou repasses de R$ 4 milhões da empresa do lobista Andreson para uma empresa aberta em nome da esposa de Márcio Toledo Pinto, assessor do STJ que trabalhou nos gabinetes das ministras da corte Isabel Gallotti e Nancy Andrighi, o que para a PF seria um dos métodos de pagamento de propina. É importante ressaltar que nenhum ministro do STJ está sendo investigado.