04 de Junho de 2025, 14h:15 - A | A

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LARANJA

Desembargador mantém prisão de ex-servidor da Câmara acusado de lavar dinheiro para o CV

Elzyo Pires teria movimentado R$ 50 milhões em shows, casas noturnas e imóveis de luxo para beneficiar a facção criminosa.

Da Redação



O desembargador Marcos Machado, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), decidiu manter a prisão e a ação penal contra Elzyo Xavier Pires, um ex-servidor da Câmara Municipal de Cuiabá. Pires é acusado de envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro para o Comando Vermelho, uma facção criminosa. A lavagem de dinheiro, segundo as investigações, aconteceria por meio de shows e casas noturnas na capital, além da aquisição de um apartamento de R$ 1 milhão em Balneário Camboriú, Santa Catarina, para Paulo Witer Farias, conhecido como WT, apontado como o líder financeiro do grupo criminoso.

A defesa de Elzyo Xavier Pires havia entrado com um pedido de habeas corpus para tentar reverter a decisão judicial, questionando a validade das provas, a forma como a denúncia foi apresentada e a ausência de justificativa para a ação penal. No entanto, o desembargador Machado, seguindo o entendimento de primeira instância, negou o pedido, afirmando que há indícios suficientes de que os crimes ocorreram e que Pires participou deles. Ele ressaltou que a ação penal só é barrada em casos muito específicos e que as questões mais aprofundadas serão analisadas no decorrer do processo. Com isso, Pires permanece preso conforme uma ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de 15 de maio.

Elzyo Xavier Pires é alvo das Operações Ragnatela e Fair Play, que investigam o esquema de lavagem de dinheiro. A Operação Fair Play, deflagrada em novembro pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) da Polícia Civil de Mato Grosso, mirou o grupo que lavava dinheiro do tráfico de drogas através da compra de imóveis no litoral catarinense, como o apartamento de Balneário Camboriú. As investigações revelaram que o imóvel foi comprado com dinheiro do tráfico, usando uma técnica conhecida como "smurfing", que consiste em fracionar pagamentos bancários em valores menores para despistar a fiscalização do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Além do apartamento, Pires é acusado na Operação Ragnatela de ter lavado R$ 50 milhões para o Comando Vermelho. Isso teria acontecido por meio de eventos, casas noturnas, shows de artistas nacionais de funk e pagode, e empresas de fachada em Cuiabá. A Operação Fair Play é um desdobramento da Operação Apito Final, que também investiga Paulo Witer Faria Paelo, o WT, como o tesoureiro da facção criminosa. A continuidade da prisão e da ação penal de Elzyo Xavier Pires reforça o empenho das autoridades em desmantelar esquemas de lavagem de dinheiro ligados ao crime organizado em Mato Grosso.

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