A Procuradoria-Geral da República (PGR) abriu uma investigação para apurar a ligação do deputado federal Antonio Doido (MDB-PA) com um grupo suspeito de realizar saques milionários em agências bancárias do Pará, que podem estar relacionados a desvios de verbas públicas e compra de votos nas eleições de 2024.
A investigação teve início após duas apreensões expressivas de dinheiro em espécie, ambas envolvendo pessoas próximas ao parlamentar. Em 4 de outubro de 2024, dois dias antes do primeiro turno das eleições municipais, o policial militar Francisco de Assis Galhardo do Vale foi preso ao sacar R$ 5 milhões em Castanhal (PA). Em janeiro deste ano, a Polícia Federal apreendeu mais R$ 1,1 milhão com Jacob Serruya Neto, então assessor de Antonio Doido, que foi exonerado após a prisão.
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Segundo a PGR, há indícios de crimes relacionados ao mandato do deputado, incluindo desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro, corrupção de agentes e crimes eleitorais. Com base em informações da PF e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), foi solicitado ao Supremo Tribunal Federal (STF) o alargamento das investigações.
Os dados revelam um complexo esquema de lavagem de dinheiro, com saques frequentes feitos por Francisco Galhardo, que movimentou cerca de R$ 48,8 milhões entre 2023 e 2024, sendo R$ 26 milhões somente durante a campanha eleitoral. Parte dos recursos estaria vinculada a uma empresa registrada no nome da esposa do deputado.
Mensagens encontradas nos celulares dos envolvidos mostram o deputado ordenando repasses e pagamentos, como o caso do saque de R$ 5 milhões, quando ele determinou a entrega de R$ 380 mil a um terceiro chamado Geremias, que manteve contato com o policial no dia da apreensão.
A defesa de Antonio Doido, por sua vez, repudiou o vazamento de informações sigilosas e afirmou que todas as alegações já foram esclarecidas nos autos. Segundo os advogados, o parlamentar está à disposição para prestar esclarecimentos e mantém confiança na lisura de suas ações durante o mandato.
A investigação segue em curso no STF e pode revelar novos detalhes sobre o esquema de corrupção e manipulação eleitoral envolvendo o deputado e seus aliados no Pará.