O Ministério Público de São Paulo decidiu arquivar uma investigação criminal contra um parlamentar, dois agentes da polícia e um advogado, todos citados pelo corretor de imóveis Vinicius Gritzbach. Eles eram acusados de exigir mais de R$ 4,2 milhões em suborno para não acusar o delator de corrupção.
Gritzbach foi assassinado com oito tiros de fuzil em novembro do ano passado, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
A Procuradoria concluiu que não existem evidências suficientes para comprovar que os investigados cometeram o crime de corrupção, conforme informou o G1. O arquivamento da investigação sobre os envolvidos citados por Gritzbach ocorreu em 17 de março, pelo Ministério Público.
Os principais alvos da investigação eram o deputado estadual Antonio Olim, delegado licenciado e membro do PP, além dos delegados Fábio Pinheiro Lopes, conhecido como 'Fábio Caipira', que era o diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) na época, e Murilo Roque, que atuava na delegacia de São Bernardo do Campo.
Quando as investigações vieram à tona, os três negaram qualquer envolvimento com Gritzbach.
Em depoimento ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP, o delator afirmou que o pedido de dinheiro partiu de seu advogado à época, Ramsés Benjamin Samuel Costa Gonçalves, que recebeu honorários de R$ 800 mil.
Gritzbach afirmou que sua defesa alegou que os delegados exigiam R$ 4,2 milhões para deixá-lo fora de uma investigação de corrupção, na qual ele era acusado de lavar dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa paulista.
O procurador de Justiça Sérgio Turra Sobrane, coordenador da Assessoria de Competência Originária Criminal da Procuradoria Geral de Justiça, afirmou que a denúncia feita por Gritzbach não foi confirmada por outras provas. Ele ainda destacou que a investigação envolvia autoridades com prerrogativa de foro, como o deputado Olim.
Após o encerramento da investigação, o deputado Olim divulgou uma nota afirmando sua total inocência no caso, considerando que as acusações contra ele eram falsas. "A verdade sempre prevalece. Hoje, a Justiça confirmou o que sempre sustentamos: minha total inocência no caso Gritzbach. Fui alvo de acusações mentirosas, mas, como sempre confiei, a verdade venceu", disse Olim.
De acordo com a delação, Ramsés teria se reunido com o deputado Olim, Fábio Caipira e Murilo Roque, e cobrado R$ 5 milhões, sendo R$ 800 mil para honorários e o restante como propina, conforme relato de Gritzbach.
O deputado Olim, que é um dos principais defensores da Polícia Civil na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), refutou a acusação, alegando que apenas fez a ponte entre o advogado e o chefe do Deic, o que seria uma prática comum. Ele também apresentou mensagens enviadas a Ramsés em 2023, nas quais desautorizava o advogado a usar seu nome e alertava Fábio Caipira para não confiar em Ramsés. O advogado, por sua vez, negou qualquer desentendimento com Olim.