A cantora Anitta usou seu alcance nas redes sociais, para levantar a voz contra o leilão de uma área verde no coração de Salvador. Vestindo uma camisa com a palavra “Preserve”, a artista criticou duramente a proposta da prefeitura de leiloar terrenos cobertos por vegetação nativa.
“Transformar áreas verdes em concreto e aço não é o futuro que queremos. Precisamos pensar na população, na saúde do planeta e na herança que estamos deixando”, afirmou a cantora, em recado direto ao prefeito Bruno Reis e às autoridades locais.
O desabafo veio na esteira da decisão da Justiça Federal que suspendeu, nesta semana, o leilão de um terreno de 3.160 m² localizado no Morro do Ipiranga, bairro da Barra — uma das áreas mais valorizadas e turísticas da cidade. O local, que integra o famoso circuito do Carnaval soteropolitano, tinha lance mínimo de R$ 4,9 milhões.
Segundo a Justiça, o terreno abriga vegetação de restinga e pertence ao bioma da Mata Atlântica, além de apresentar riscos de erosão e instabilidade do solo. A decisão também apontou omissão da lei municipal de 2023, que autorizava o leilão sem mencionar as restrições ambientais do local — gerando insegurança jurídica.
“A crise climática é real. Não podemos continuar negligenciando a importância das nossas áreas verdes. Precisamos respeitar os limites da natureza antes que seja tarde demais”, alertou Anitta em sua publicação.
A polêmica não é nova. A venda de áreas verdes em Salvador já causou debates acalorados nos últimos anos. Em 2014 e 2017, a Câmara Municipal aprovou leis permitindo a desafetação de terrenos públicos — ou seja, a mudança do uso original do solo. Entre esses anos, 16 terrenos foram vendidos, gerando R$ 82 milhões para os cofres públicos. Parte do valor, segundo a prefeitura, teria sido destinada à construção do Hospital Municipal.
A Lei nº 9.233/2017 autorizou a desafetação de 32 imóveis, sendo 29 deles terrenos situados em bairros nobres como Barra, Itaigara, Canela e Caminho das Árvores.
Agora, com o apelo de Anitta ecoando nas redes sociais, a discussão ganha novo fôlego — e pressiona o poder público a rever suas escolhas urbanísticas em meio à crescente urgência ambiental.
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