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07 de Junho de 2025, 14h:15 - A | A

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Tragédia em meia maratona acende alerta sobre exames e preparo físico antes de provas

especialistas voltam a reforçar que o entusiasmo pela prática esportiva precisa andar de mãos dadas com acompanhamento médico rigoroso.



O trágico falecimento de um jovem de 20 anos durante a meia maratona de Porto Alegre, no último sábado (7), reacendeu um debate urgente: até que ponto atletas amadores ou não estão realmente preparados para enfrentar provas de longa distância? Em meio ao crescimento acelerado das corridas de rua no Brasil, especialistas voltam a reforçar que o entusiasmo pela prática esportiva precisa andar de mãos dadas com acompanhamento médico rigoroso.

Segundo a Associação Brasileira dos Organizadores de Corrida de Rua e Esportes Outdoor (Abraceo), o número de provas cresceu 29% em 2024, com mais de 2.800 corridas oficiais realizadas em todo o país. Mas o boom do esporte contrasta com a falta de cuidados básicos, especialmente entre atletas iniciantes, que muitas vezes ignoram avaliações clínicas essenciais antes de enfrentar distâncias desafiadoras como 21 ou 42 km.

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Coração em risco: doenças silenciosas e esforço extremo

O médico Irani Paulo Carlotto, especialista em medicina do esporte, explica que mortes súbitas durante corridas, embora raras, geralmente têm relação com arritmias ou outras doenças cardíacas não diagnosticadas. “Às vezes, a pessoa nem sabe que tem um problema. Mas o esforço físico intenso pode ser o gatilho para um desfecho fatal”, alerta.

Além de problemas cardíacos, outras condições podem se manifestar sob estresse físico extremo: AVCs, aneurismas, embolias pulmonares e até doenças respiratórias preexistentes. Por isso, Carlotto reforça a necessidade de que todos os participantes  principalmente os não profissionais  passem por avaliação médica antes de qualquer prova de longa distância.

Estudos mostram que atendimento rápido salva vidas

Pesquisas internacionais corroboram a importância do preparo médico e da resposta rápida a emergências. Um estudo apresentado no Congresso do American College of Cardiology, que avaliou mais de 29 milhões de corredores entre 2010 e 2023, revelou que a taxa de mortalidade por parada cardíaca em maratonas caiu de 48% para 25% com a adoção de desfibriladores e equipes de emergência ao longo do percurso.

Outro estudo, do Massachusetts General Hospital, demonstrou que a chance de sobrevivência em casos de parada cardíaca dobra quando o atendimento começa em até três minutos. A recomendação é clara: provas longas precisam ter infraestrutura de socorro espalhada estrategicamente, inclusive em trechos de difícil acesso.

Falta de dados no Brasil dificulta combate ao problema

No Brasil, ainda não há uma base oficial consolidada de dados sobre mortes ou eventos graves durante corridas de rua. Estimativas publicadas por especialistas em medicina esportiva sugerem que há um caso de morte súbita para cada 50 mil corredores — número ainda subestimado diante da falta de notificação sistemática.

“O problema é que não estamos falando apenas de problemas cardíacos. Podem ser doenças crônicas silenciosas, como asma ou epilepsia, que se manifestam justamente no auge do esforço”, alerta Carlotto. Segundo ele, dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia de 2020 indicam mais de 215 mil mortes por parada cardíaca súbita naquele ano — um dado que pode incluir casos como o registrado em Porto Alegre.

Avaliação médica não é opcional

Diante do aumento nas provas e dos riscos crescentes, especialistas defendem que a avaliação cardiológica com exames como eletrocardiograma e teste ergométrico deveria ser exigência mínima para quem pretende correr maratonas e meias maratonas.

Enquanto isso, o caso do jovem morto em Porto Alegre serve como um triste alerta: mais do que preparo físico, correr exige responsabilidade com a própria saúde. Afinal, cruzar a linha de chegada só vale a pena se for com segurança.

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