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TENSA SITUAÇÃO

Protestos anti-imigração se espalham e Los Angeles impõe toque de recolher

Enquanto manifestações tomam diversas cidades americanas, mobilização militar de Trump em Los Angeles inflama debates e intensifica confrontos com autoridades.

Da Redação



Os Estados Unidos vivenciam uma escalada de tensões com protestos anti-imigração que se espalham por várias cidades nesta quarta-feira (11/6). Enquanto isso, áreas centrais de Los Angeles passaram a noite sob toque de recolher, uma medida imposta na tentativa de conter os distúrbios iniciados na semana passada.

Na terça-feira, manifestações foram registradas em Nova York, Atlanta e Chicago, onde manifestantes expressaram sua indignação com gritos de ordem e confrontos com a polícia. Em Chicago, alguns manifestantes subiram na escultura de Picasso na Daley Plaza, enquanto outros clamavam pela abolição do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE), que desde a última sexta-feira (6/6) tem realizado batidas contra imigrantes em situação irregular.

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O governador republicano do Texas, Greg Abbott, anunciou que mobilizará a Guarda Nacional esta semana, antes dos protestos planejados, afirmando que "usará todas as ferramentas e estratégias para ajudar as autoridades a manter a ordem". Confrontos entre manifestantes e policiais já ocorreram em Austin na segunda-feira, onde a polícia utilizou substâncias químicas para dispersar centenas de pessoas. Organizações do sul do Texas planejam novas manifestações contra o ICE nesta quarta-feira e no sábado, conforme reportado pela CNN.

Tensão em Los Angeles: mobilização militar e debate político
Em Los Angeles, a situação é particularmente delicada. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, acusou o presidente Donald Trump de "inflamar" a situação ao mobilizar milhares de militares, apesar de as autoridades locais considerarem os protestos sob controle. Segundo Newsom, essa ação gerou uma nova onda de violência.

Centenas de fuzileiros navais dos EUA chegaram à região de Los Angeles na terça-feira sob ordens de Trump, que também havia ordenado o envio de 4 mil soldados da Guarda Nacional para a cidade. O objetivo declarado é a proteção de funcionários e prédios do governo, não ações policiais diretas. Apesar do envio, os fuzileiros navais não foram vistos nas ruas de Los Angeles na terça-feira, permanecendo concentrados em Seal Beach, a cerca de 50 quilômetros da cidade.

A prefeita de Los Angeles, Karen Bass, reiterou que o envio de militares não era necessário, pois a polícia local havia conseguido controlar a maioria dos protestos, que foram majoritariamente pacíficos e localizados. Contudo, devido a saques e violência noturna em algumas áreas, ela impôs um toque de recolher noturno em mais de 2,5 quilômetros quadrados do centro da cidade, após 23 estabelecimentos comerciais terem sido saqueados.

"Ele [Trump] redobrou a aposta com o perigoso envio da Guarda Nacional, atiçando ainda mais as chamas. E o presidente fez isso de propósito", afirmou Newsom em discurso televisionado. O governador da Califórnia destacou que 220 pessoas já foram detidas e prometeu que os responsáveis por atos violentos serão processados com todo o rigor da lei. "Se você incitar a violência ou destruir nossas comunidades, será responsabilizado. Esse tipo de comportamento criminoso não será tolerado. Ponto final", declarou o político democrata.

Newsom também criticou veementemente a política de imigração de Trump, classificando-a como "deportações em massa que visam indiscriminadamente famílias imigrantes trabalhadoras" e acusando o presidente de "traumatizar" comunidades como as de Los Angeles. Os protestos na maior cidade da Califórnia começaram após batidas realizadas pelo ICE em locais com grande concentração de imigrantes. O ICE, por sua vez, confirmou a detenção de cerca de 300 imigrantes nos últimos dias e prometeu continuar com as operações.

"Democracia Sob Ataque" e embate político
O governador da Califórnia instou os cidadãos a exercerem seu direito de protestar pacificamente para não favorecer a estratégia do presidente. "Trump e seus apoiadores prosperam na divisão porque isso lhes permite tomar mais poder e exercer ainda mais controle. E, é claro, Trump não se opõe à anarquia ou à violência, contanto que isso o sirva. Que mais provas precisamos do que 6 de Janeiro?", acrescentou Newsom, referindo-se ao ataque ao Capitólio em 2021.

Newsom concluiu alertando que a decisão de Trump se aplica a todos os estados e que "a democracia será a próxima. A democracia está sob ataque".

As medidas de Trump desencadearam um debate nacional sobre o uso de forças militares em solo americano, colocando o presidente republicano em rota de colisão com o governador democrata da Califórnia, um potencial candidato à Casa Branca em 2028. A Califórnia já processou Trump e o Departamento de Defesa para tentar bloquear o envio de tropas federais, enquanto Trump chegou a sugerir que Newsom deveria ser preso.

Trump, reeleito em grande parte pela promessa de deportar imigrantes sem documentos, defendeu suas decisões em um discurso na base militar de Fort Bragg, na Carolina do Norte, afirmando que seu governo "libertará Los Angeles". Ele descreveu os protestos como um "ataque total à paz, à ordem pública e à soberania nacional, realizado por manifestantes portando bandeiras estrangeiras", referindo-se a bandeiras do México agitadas em solidariedade aos imigrantes.

"Gerações de heróis do exército não derramaram seu sangue em terras distantes apenas para assistir nosso país ser destruído por invasões e pela ilegalidade do Terceiro Mundo", afirmou. Trump já manifestou disposição para invocar a Lei da Insurreição, que autoriza o presidente a enviar forças militares para dentro dos EUA para reprimir rebeliões. O atual envio da Guarda Nacional a Los Angeles, contudo, é fundamentado em outra lei, o Título 10 do Código dos Estados Unidos, que descreve o papel das Forças Armadas dos EUA.

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