O caso levanta suspeitas sobre a real procedência da casa de apostas, que entrou com pedido de autorização para operar no Brasil no dia 27 de janeiro deste ano, mas ainda não obteve resposta da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) do Ministério da Fazenda. Apesar disso, a bet já é divulgada nas redes sociais, conforme evidenciou notícia publicada pela coluna Tácio Lorran, do Metrópoles, em fevereiro.
A influenciadora Dayanne Bezerra fez uma transmissão ao vivo no Instagram no dia 11 de fevereiro, exibindo um suposto lucro de 3.000% em apenas um minuto. Ela também afirmou que a empresa BBRBet era legalizada no Brasil, o que é falso. O link compartilhado por ela direcionava para uma página com o domínio ".com", quando, na realidade, o site deveria terminar em ".bet.br", conforme exigido pelo Ministério da Fazenda.
Origem na Costa Rica
O nome registrado da BBRBet é BBRBet e Spicys Group Ltda., que, de acordo com o registro, opera no ramo de jogos de azar. O grupo é composto pela holding BBRBet Group Brasil Ltda. e pela microempreendedora alagoana, identificada pelas iniciais J.A.S.L., que é mencionada como administradora.
Porém, a verdadeira dona do negócio é a empresa BBRWIN Limited, com sede na Costa Rica. A BBRWIN Limited controla a BBRBet, que, no Brasil, supostamente funciona em escritórios localizados no Centro de São Paulo. Tentativas de contato pelos números de telefone relacionados aos endereços não tiveram sucesso.
As empresas do grupo BBRBet foram registradas no final de 2024, em um curto período. A BBRWIN Limited foi estabelecida em 4 de outubro, seguida pela BBRBet Group Brasil Ltda. em 29 de outubro, e, finalmente, pela BBRBet e Spicys Group Ltda., que busca autorização junto ao Ministério da Fazenda desde 11 de novembro.
Vítima ou "laranja"?
Quando a microempreendedora alagoana foi questionada pelo Metrópoles em 3 de abril, ela afirmou que não era sócia nem administradora da empresa e que algo poderia ter sido errado no registro. Ela pediu que seu nome não fosse divulgado na matéria. "Não quero me expor com esse tipo de situação", pediu ela.
Após mais perguntas sobre sua suposta relação com a BBRBet, a jovem parou de responder e bloqueou o contato. Em uma ligação anterior, a mãe da microempreendedora afirmou que sua filha nunca mencionou qualquer vínculo com apostas.
Com a dúvida sobre se ela seria uma vítima do uso indevido de seus dados para o registro da empresa ou se estaria envolvida no esquema como "laranja", a reportagem optou por não divulgar o nome da jovem. O que se sabe é que ela é de São Miguel dos Campos (AL), uma cidade de médio porte em Alagoas, e seu histórico financeiro não condiz com o porte da BBRBet.
Conforme os dados do CNPJ, a BBRBet tem um capital social de R$ 35 milhões. Até agora, as únicas empresas registradas em nome de J.A.S.L. foram dois MEIs: um extinto, de 2017, no ramo de vestuário, e outro ainda ativo, também no setor de vestuário, com capital social de apenas R$ 1.000.