Durou pouco! As facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) romperam a aliança anunciada em fevereiro com o objetivo de cessar as mortes entre os grupos, reduzir os custos com a guerra e garantir a continuidade dos negócios ilegais. A informação foi confirmada pelo Ministério Público de São Paulo ao GLOBO, que teve acesso a diversos comunicados dos líderes do crime, os chamados salves. O motivo principal para o rompimento, segundo autoridades, são as rixas regionais que inviabilizaram o acordo feito pelos chefes presos.
Os comunicados das facções, datados de segunda-feira (28), anunciaram individualmente o fim da aliança. O PCC explicou que o armistício visava diminuir os homicídios que estavam prejudicando seus negócios, mas foi rompido por questões éticas. Enquanto isso, o CV alertou seus membros sobre os homicídios de inocentes, mencionando as mortes recentes de jovens que fizeram gestos associados às facções com as mãos.
A ruptura foi confirmada pelo promotor de Justiça Lincoln Gakiya, que destacou a falta de aval de Marcinho VP, líder do CV, para a trégua. O relatório de inteligência da Senappen revelou que Marcinho VP negou vehementemente a existência da trégua e afirmou que as facções continuam sendo inimigas. A dificuldade de implementar a trégua devido aos diferentes perfis organizacionais das facções, com o PCC tendo uma direção única e o CV atuando em franquias com mais autonomia, também contribuiu para o rompimento.
Em fevereiro, nove estados brasileiros identificaram sinais da suposta trégua entre as facções criminosas, enquanto outros não tinham dados suficientes para confirmar o armistício. A maioria dos sinais foi observada nas regiões Norte e Nordeste do país. Minas Gerais foi o único estado fora dessas regiões a reportar a trégua, enquanto São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraíba afirmaram a manutenção da rivalidade entre os grupos.