Da Redação
Franqueados da Cacau Show, uma das maiores redes de franquias do Brasil com mais de 4 mil unidades, têm relatado um cenário de forte pressão e supostas retaliações por parte da empresa. Enquanto grandes eventos motivacionais, palestras e discursos inspiradores sobre sucesso são promovidos pelo fundador e CEO, Alexandre Tadeu da Costa (Alê Costa), há uma aparente ausência de espaço para discutir questões contratuais ou políticas da empresa, como aumentos repentinos nos preços dos produtos.
A realidade de alguns franqueados parece contrastar drasticamente com o otimismo propagado pela direção. Relatos indicam que, ao questionarem problemas ou fazerem reclamações sobre cobranças ou mudanças de valores, eles teriam começado a sofrer perseguições. Entre as supostas retaliações estariam o envio de chocolates com validade próxima do vencimento e produtos de baixa saída, o que, em muitos casos, inviabilizaria o funcionamento da loja e levaria ao fechamento das portas.
Processos Judiciais e Punições Contratuais
A Cacau Show enfrenta múltiplos processos na Justiça relacionados a cobranças consideradas indevidas e falhas no fornecimento de produtos para as lojas franqueadas. Nesses casos, as retaliações se tornariam ainda mais severas. Um processo em andamento na 25ª Vara Cível de Brasília revela que punições como a retirada de crédito, forçando os franqueados a comprar produtos à vista, seria uma prática institucionalizada e até mesmo prevista em contrato.
O juiz Julio Roberto dos Reis, responsável pelo caso, destacou que "é inequívoco que a política interna da demandada [Cacau Show] afronta o princípio constitucional da liberdade profissional". Ele apontou que a restrição de crédito, essencial para a atividade econômica, sob a alegação de litígios judiciais, não possui um motivo legítimo e configura um "mero revanchismo, uso arbitrário das próprias razões por via transversa". Para o magistrado, essa conduta tem como finalidade inibir o direito constitucional de ação dos franqueados, violando o princípio da inafastabilidade da jurisdição.
"Doce Amargura": Franqueados Se Unem para Relatar Experiências
Diante da insatisfação, franqueados criaram um perfil em uma rede social, batizado de "Doce Amargura", para compartilhar suas experiências e relatos. A responsável pela página, que ainda é franqueada e optou por um pseudônimo por medo de novas retaliações, teve uma surpresa: uma visita do vice-presidente da Cacau Show, Túlio Freitas, em sua loja no interior de São Paulo – a mais de 600 km da sede da empresa. Segundo ela, o vice-presidente teria perguntado "o que era preciso" para que ela parasse. Atualmente, a franqueada busca judicialmente a rescisão de seu contrato com a Cacau Show.
A reportagem procurou a Cacau Show para um posicionamento sobre o assunto, mas a empresa não se manifestou até a publicação deste texto. O espaço permanece aberto para futuras declarações.
Com informações do Metrópoles.
