Segunda-feira, 07 de Julho de 2025

- DÓLAR: R$ 5,48

16 de Junho de 2025, 13h:19 - A | A

HOME » Geral » Efeito Ozempic: remédios para emagrecer transformam famílias inteiras

MUDANÇAS

Efeito Ozempic: remédios para emagrecer transformam famílias inteiras

Medicamentos como Ozempic e Wegovy têm provocado um impacto além da balança, alterando rotinas, hábitos e até relações dentro dos lares.



Quando Amy Kane começou a tomar Mounjaro em 2022, seu objetivo era claro: perder peso. Mas o que ela não esperava era provocar uma verdadeira revolução na dinâmica familiar. Criadora de conteúdo e mãe de três filhos, Kane viu o marido e as crianças adotarem uma alimentação mais saudável e um estilo de vida mais ativo, mesmo sem fazerem uso do medicamento. Esse fenômeno vem se repetindo em diversos lares nos Estados Unidos e já ganhou apelido: “Família Ozempic”.

A explosão do uso de medicamentos injetáveis para emagrecer, como Ozempic, Wegovy e Mounjaro, está provocando efeitos colaterais inesperados  e, em muitos casos, positivos  nas famílias dos pacientes. Especialistas apontam que essas mudanças podem ser tão significativas quanto o próprio tratamento, alterando a relação de familiares com a comida, a saúde e até os vínculos afetivos.

Estudos reforçam a tendência: cônjuges de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, por exemplo, também costumam perder peso e melhorar hábitos alimentares. Agora, observa-se efeito semelhante com os novos medicamentos, que agem diretamente no apetite e no comportamento alimentar.

Transformações silenciosas, mas profundas

Para a gerente de eventos Yelena Kibasova, o uso do Wegovy não apenas reduziu seu peso em 14 quilos, como inspirou o filho adolescente a se exercitar e cuidar da saúde embora o maior desafio tenha sido explicar que o remédio trata uma doença, e não apenas uma questão estética. “A obesidade é uma condição crônica. Eu tomo Wegovy como quem toma remédio para colesterol ou depressão”, explica.

Além da saúde física, os medicamentos têm mudado a dinâmica emocional dos lares. A relação com a comida  muitas vezes o elo afetivo entre casais ou pais e filhos também se transforma. Cozinhar juntos, sair para jantar, celebrar com comida: tudo isso passa por revisão.

Mudança no cardápio e no relacionamento

A norte-americana Kia Griffin-Thomas, de 42 anos, relata que precisou reinventar a rotina da cozinha ao perder o apetite por causa do medicamento. Em vez de deixar de cozinhar, envolveu os filhos de 6 e 8 anos na preparação das refeições, tornando a hora da comida um momento lúdico e educativo. Já o marido, para acompanhar a mudança, transformou a varanda em uma pequena academia, e o casal passou a se exercitar à noite, retomando antigos hábitos.

No entanto, nem sempre essas mudanças são fáceis. Profissionais de saúde alertam para possíveis riscos, especialmente entre crianças que observam os pais emagrecendo sem entender os motivos. “Sem a conversa certa, isso pode gerar comportamentos prejudiciais ou desinformados”, afirma Keeley Pratt, professora da Universidade Estadual de Ohio.

Reprogramando o estilo de vida

Joey Skelton, professor de Pediatria na Wake Forest University, observa que esses medicamentos estão alterando mais que corpos: “Eles transformam a dinâmica familiar”. Segundo ele, é essencial que médicos orientem os pacientes a respeito dos impactos emocionais e sociais do tratamento: “Quem está no relacionamento? Tem filhos em casa? Como vai abordar isso com eles?”

Para Amy Kane, a maior conquista foi recuperar a energia e redescobrir a leveza nos momentos com a família. As dietas restritivas do passado foram substituídas por uma nova forma de viver  menos sobre renúncia e mais sobre equilíbrio. “Hoje não é sobre o que eu deixo de comer, mas sobre como me sinto. E isso, naturalmente, mudou tudo ao meu redor”, afirma.

O fenômeno da “Família Ozempic” revela que a perda de peso pode ser apenas o começo de uma jornada maior  de transformação coletiva, consciente e, acima de tudo, compartilhada.

 

 

 

 

Comente esta notícia