Da Redação
O cuiabano Rafael Nolasco, de 41 anos, fez história ao se tornar o primeiro mato-grossense a concluir um mestrado na prestigiada Universidade de Oxford, no Reino Unido. Sua dissertação, que abordou a gestão de grandes projetos públicos no Brasil, incluiu uma análise crítica de obras conhecidas em Mato Grosso, como o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) e o BRT (Bus Rapid Transit). O estudo de Rafael se aprofundou nas razões pelas quais essas obras muitas vezes não dão certo, apontando para a falta de avaliações técnicas independentes e a influência de interesses políticos.
Formado em Direito, Rafael mora na Europa desde 2007. Começou trabalhando com consultoria de projetos complexos para o governo inglês, o que o levou a focar sua pesquisa em como o Brasil pode melhorar a gestão de suas grandes obras. Ele descobriu que muitos desses projetos são aprovados sem o devido estudo técnico, baseando-se apenas em análises internas dos próprios órgãos públicos. Isso compromete a credibilidade das decisões e abre brechas para problemas.
Em sua tese, Rafael entrevistou gestores do governo brasileiro e percebeu um padrão: muitas obras públicas são usadas para promover políticos, em vez de beneficiar a população. Ele destacou que, quanto mais demorada e complexa uma obra, maior a chance de desvios e corrupção. Sobre o VLT de Cuiabá, Rafael apontou que o BRT seria a opção mais viável tecnicamente e economicamente. No entanto, a escolha pelo VLT, mais caro e complicado, pode ter sido motivada pela facilidade em ocultar irregularidades financeiras, devido à dificuldade de auditoria e ao grande número de contratos envolvidos.
Rafael defende que, para mudar esse cenário de obras inacabadas e superfaturadas, o Brasil precisa criar uma entidade governamental independente. Essa entidade teria o papel de avaliar e controlar a execução dos grandes projetos com rigor técnico. Para ele, essa é a única forma de garantir que os investimentos públicos tragam os resultados esperados para a população.