O casal responsável por impedir a personal trainer Kely Moraes, de 45 anos, de utilizar o banheiro feminino de uma academia em Recife (PE), foi desligado da unidade após a repercussão do caso nas redes sociais. Eles alegaram, de forma equivocada, que Kely seria uma mulher trans e, por isso, não poderia acessar o espaço.
A confusão ocorreu na última segunda-feira (26) dentro da academia Selfit, que confirmou o encerramento dos contratos dos dois envolvidos — Karolaine Klecia da Silva e Marcos Aurélio Mendes Leite. Em nota oficial, a empresa declarou que "tomou todas as providências cabíveis, prestando suporte à vítima e encerrando o vínculo dos clientes responsáveis pelo episódio, em alinhamento aos valores da rede".
A academia também informou que, no momento do ocorrido, a equipe interveio para conter os ânimos e garantiu apoio à personal trainer. "Lamentamos profundamente o que aconteceu e reforçamos nosso compromisso com um ambiente seguro, inclusivo e respeitoso para todos", afirmou a nota.
O episódio
A situação veio à tona após Kely compartilhar, em suas redes sociais, vídeos do momento e um desabafo emocionado. Segundo ela, tudo começou quando parou suas atividades na academia para utilizar o banheiro feminino, mas foi abordada por uma mulher que tentou impedir sua entrada, alegando que “aquele não era o lugar dela”.
“Quando questionei o motivo, ela simplesmente respondeu que aquele não era um banheiro para homem. Foi aí que eu percebi o tamanho do preconceito que estava enfrentando”, contou Kely, visivelmente abalada.
A situação rapidamente escalou quando um homem, identificado como Marcos, se aproximou e também tentou impedir a personal, dizendo que “havia um banheiro lá embaixo para ela”, referindo-se a um suposto espaço ‘inclusivo’.
Em meio às discussões, uma aluna de Kely, que está grávida, entrou em defesa da profissional, confrontando o casal e pedindo que ela mostrasse seu documento, como forma de provar sua identidade. "Ela é mulher, sim", gritava a aluna, revoltada.
Nas imagens divulgadas, é possível ouvir o homem insistindo que Kely deveria usar outro banheiro. Ela, então, questiona: “Esse banheiro é para quem?”, ao que ele responde: “Para você. Mulher inclusa. É lá embaixo”.
Desabafo e providências
Kely relatou que, durante todo o episódio, se sentiu profundamente humilhada. “A convicção com que ela (a mulher) falava sobre quem eu sou me assustou. Se eu não tivesse minha estrutura, talvez até eu passasse a duvidar de mim mesma”, desabafou.
Após o episódio, a personal procurou a delegacia e registrou um boletim de ocorrência. Ela também decidiu tornar o caso público como forma de combater a transfobia, o preconceito e qualquer forma de violência contra mulheres.
O caso gerou grande repercussão, com uma onda de apoio à personal trainer nas redes sociais. A academia, por sua vez, reforçou que segue colaborando com as investigações e que não tolera qualquer forma de discriminação.
Veja o vídeo: