Um agiota acusado de transformar o desespero financeiro de famílias carentes em lucro pessoal foi condenado pela Justiça de Mato Grosso. Ruiter Domingues Bezerra recebeu pena de 8 meses de prisão por reter cartões do programa Bolsa Família e de bancos como garantia de empréstimos ilegais, cometidos entre 2017 e 2019, em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá.
A Segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) manteve, por unanimidade, a condenação. O julgamento do recurso, apresentado pelo próprio réu, aconteceu na última quarta-feira (23) e teve o desembargador Jorge Luiz Tadeu Rodrigues como relator.
Mesmo considerando a pena "branda", o magistrado não acolheu o pedido de revisão e manteve a substituição da prisão por medidas restritivas de direito, como prestação de serviços à comunidade.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, ao menos 15 pessoas foram lesadas. As vítimas, em situação de vulnerabilidade, pegaram empréstimos de valores em torno de R$ 1 mil e, como garantia, deixavam os cartões de benefícios — com senhas — nas mãos de Ruiter, que fazia os saques diretamente das contas.
Durante as investigações, a polícia cumpriu mandado de busca e apreensão e encontrou cerca de 50 cartões bancários, muitos deles do Bolsa Família. Um dos depoimentos colhidos revela o esquema:
“Fui indicada por uma amiga. Peguei R$ 1 mil emprestado e deixei meu cartão com a senha. Ele disse que, se eu não pagasse, sacaria o valor direto da conta.”
A decisão do TJMT reforça a gravidade da prática e a vulnerabilidade das vítimas exploradas por agiotas. O caso agora serve como alerta para novas investigações sobre esquemas semelhantes no estado.