Ex-presidente do União Esporte Clube e o presidente temporariamente afastado do Nova Mutum disseram esta semana que não deram sua assinatura à candidatura de Aron Dresch, o patriarca da família que controla o Cuiabá, para a sua reeleição como presidente da Federação Mato-grossense de Futebol (FMF).
É importante destacar que ambos estão concorrendo ao cargo de vice-presidentes pela oposição, e o Ministério Público iniciou uma investigação para apurar possíveis irregularidades tanto na administração quanto no processo eleitoral da entidade.
A candidatura "Progresso no Futebol", liderada por Dresch, foi registrada em 15 de abril e conta com 22 assinaturas de clubes e uma associação.
A candidatura "Federação Para Todos", que tem à frente o empresário João Dorileo Leal, proprietário do Mixto e do Grupo Gazeta, foi registrada na quarta-feira (23), apresentando seis assinaturas de clubes e uma associação.
Entretanto, Reydner Souza, ex-presidente do União, e Leomar Pinto, presidente afastado do Nova Mutum, afirmaram de maneira clara que não subscreveram a candidatura de Dresch, especialmente porque são candidatos à vice-presidência na chapa de Dorileo.
De acordo com as regras da FMF, um clube pode apoiar apenas uma chapa. Caso preste apoio a duas, será considerado válido o que foi registrado primeiro.
No total, seis clubes e uma liga assinaram a proposta de Dorileo Leal, incluindo: Santa Cruz, Mixto, União, Operário Ltda, Associação Camponovense, Nova Mutum e Liga Alta Floresta.
Leomar revelou que, em 26 de fevereiro, assinou um documento em apoio ao atual presidente, o qual não estava relacionado às eleições da FMF, uma vez que as regras do pleito só foram oficialmente divulgadas em 15 de abril, juntamente com o registro da chapa de Dresch.
"Mas para nossa surpresa, este documento foi apresentado agora para apoiar sua chapa na disputa pela presidência da Federação. Eu o assinei no dia 26 de fevereiro, junto à Federação Mato-grossense.
E agora ele foi apresentado datado de 15 de abril. Para mim, esse documento não possui validade alguma para a subscrição da chapa na disputa pela presidência da Federação," afirmou Leomar.
O ex-presidente do Colorado de Rondonópolis foi ainda mais firme em suas declarações, alegando que foi pressionado por Dresch a assinar esse documento sob a ameaça de perder "certos direitos". Reydner enfatizou que, naquela época (meses antes de 15 de abril), ele e Aron discutiram sobre a reeleição e, inclusive, demonstrou interesse em participar do processo.
Contudo, após esse episódio, Reydner declara que nunca mais recebeu qualquer contato de Dresch, enquanto Dorileu o convidou para integrar a chapa opositora. "Nunca tive um telefonema de alguém que representasse o presidente Aron.
Apenas recebi um convite do presidente Dorileo e aceitei", acrescentou. Ele também mencionou que, na data mencionada, não estava no Brasil. "Portanto, não reconheço esse documento, pois sou parte da outra chapa e pretendemos democratizar o futebol", completou.
Conforme o edital de convocação da FMF, 21 clubes e uma liga estão habilitados a votar. O vencedor assumirá a presidência da federação por um período de quatro anos, entre 25 de maio de 2025 e 25 de maio de 2026. A eleição será realizada no próximo dia 3 de maio.
Aron Dresch foi escolhido como presidente da FMF pela primeira vez em 2017. Naquela ocasião, sua candidatura enfrentou uma impugnação devido a questionamentos sobre a validade das assinaturas dos presidentes dos clubes, mas uma estratégia permitiu que os clubes o reintegrassem na disputa.
A eleição também teve particularidades, como a inelegibilidade de alguns clubes para votar, no entanto, ele conseguiu ser eleito.
Em 2021, foi reeleito com o apoio de quatro vice-presidentes: Geandre Bucair (Dom Bosco), Carlos Rufino (União), Helmute Lawisch (Luverdense) e Márcio Alencar (Mixto).
Apesar de ter prometido acabar com mandatos extensos na federação, sua reeleição contrasta com seu discurso anterior e agora ele busca mais um mandato.
Se obtiver sucesso mais uma vez, totalizará 12 anos na presidência. Ele formou a chapa com o atual administrador do Luverdense, Aluizio Bassani, como vice e o advogado Geandre Bucair Santos, que é membro do Superior Tribunal de Justiça Desportiva.
Caso seja eleito, Dorileo deverá deixar a gestão do Tigre para que, à frente da FMF, possa fortalecer o futebol no estado.
Quando consultada, a entidade declarou que não se manifestará sobre o assunto e que os documentos públicos e oficiais relacionados à eleição podem ser encontrados em seu site oficial.
Em meio ao escândalo revelado pela Revista Piauí, que expôs salários exorbitantes concedidos pelo presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Edinaldo Rodrigues aos dirigentes estaduais, totalizando cerca de R$ 250 milhões, incluindo Dresch, as eleições da FMF também estão sob a atenção do Ministério Público do Estado.
O promotor Renee do Ó Souza iniciou um Inquérito Civil para investigar possíveis irregularidades na gestão e no processo eleitoral da FMF sob a administração de Dresch.
Souza considerou que, se forem comprovadas as irregularidades, como a suposta negociação de votos na eleição, a validade do processo eleitoral poderia ser comprometida, assim como os interesses sociais do futebol do estado ligados à federação.
A investigação tem como objetivo apurar a violação de normas estatutárias, a ausência de transparência no pleito e a possível compra de votos, em conformidade com a Lei Geral do Esporte e os princípios da legalidade e moralidade.
Com isso, foram estabelecidas diversas ações, como a revisão de contratos com entidades governamentais, a coleta de processos judiciais movidos contra a FMF, e a solicitação de documentos e informações à federação.
Além disso, foram sugeridas ações preventivas à FMF para assegurar a clareza e a transparência do processo eleitoral. O intuito principal é garantir a conformidade e a legitimidade das eleições dentro da organização esportiva.
