A renda do trabalho dos 10% mais pobres do Brasil cresceu 10,7%, um ritmo 50% superior ao registrado entre os 10% mais ricos, cuja alta foi de 6,7% em 2024. Os dados são de um estudo da FGV Social, baseado na Pnad Contínua, e indicam a maior redução da desigualdade social dos últimos anos no país. No geral, a renda média do trabalho avançou 7,1% no período.
Segundo o economista Marcelo Neri, responsável pela pesquisa, esse avanço foi impulsionado principalmente pela geração de empregos formais e pela Regra de Proteção do Bolsa Família, que garante a manutenção do benefício mesmo após o ingresso no mercado de trabalho formal.
“Tivemos uma redução muito significativa da desigualdade em 2024, especialmente na renda do trabalho”, destacou Neri.
Relançado em 2023 com um aumento de 44% no valor médio do benefício, o Bolsa Família funcionou como um "colchão de segurança" para famílias de baixa renda, permitindo que os efeitos do crescimento econômico fossem sentidos com mais intensidade na base da pirâmide social.
Dados do Caged e do Ministério do Desenvolvimento Social mostram que 75,5% das vagas formais criadas em 2024 foram preenchidas por beneficiários do programa, e 98,8% por pessoas cadastradas no Cadastro Único.
Outros fatores também contribuíram para o cenário positivo, como o aumento da escolaridade entre os mais pobres e a queda da taxa de desemprego, que atingiu o menor nível da série histórica: 6,6%. “O crescimento da renda, aliado à redução da desigualdade, elevou o bem-estar dos brasileiros em 10,2%”, acrescentou Neri.
Para o pesquisador, os números refletem uma transformação estrutural. “Não devemos naturalizar esse progresso. Houve uma melhora real na condição do trabalhador, com aumento de 7,1% na renda e uma queda de 2,9 pontos no índice de Gini, que mede a desigualdade”, explicou.
O estudo evidencia o impacto combinado de políticas públicas e da recuperação do mercado de trabalho na melhoria das condições de vida da população mais vulnerável um avanço sem precedentes nos últimos anos, segundo a FGV.