A terceira maior transação imobiliária já registrada em Washington não teve como protagonista um político tradicional ou membro da elite diplomática americana. Quem puxou o cheque de US$ 23 milhões foi Mark Zuckerberg, fundador do Facebook e CEO da Meta — empresa que também controla Instagram e WhatsApp.
A aquisição, feita à vista, marca não só mais um capítulo na expansão do império imobiliário de Zuckerberg, como também sinaliza seu mergulho cada vez mais profundo nos bastidores da política americana. A nova residência do bilionário fica a apenas 10 minutos da Casa Branca e se tornou símbolo de sua reaproximação com figuras do poder — especialmente do campo conservador, com quem já teve embates públicos no passado.
Do moletom à corrente de ouro
Ao longo da última década, Zuckerberg passou de “nerd de Harvard” e crítico de Donald Trump a um novo aliado do movimento MAGA. A guinada é visível não apenas em sua retórica — ele elogiou publicamente a reação de Trump após a tentativa de assassinato em 2024 — mas também na estética: trocou o visual discreto por roupas de grife e colares de ouro.
A compra da mansão acontece no momento em que o CEO trava uma batalha jurídica de alto nível: tenta convencer autoridades a arquivarem uma ação antitruste que ameaça as aquisições do Instagram e do WhatsApp. Desde a semana passada, Zuckerberg depõe pessoalmente para defender os negócios da Meta.
Arquitetura de poder
A nova casa — com 1.400 metros quadrados, três blocos interligados por passarelas de vidro suspensas e segurança reforçada com cercas de quase quatro metros — foi projetada para impressionar e acolher. Segundo o arquiteto Robert Gurney, a ideia era unir o conforto de uma residência familiar à grandiosidade de uma sede diplomática.
“O cliente queria algo seguro, mas funcional, para eventos e encontros importantes”, disse Gurney.
De mensagens entre consultório e cozinha ao domínio global da comunicação
A trajetória do bilionário é marcada por contrastes. Filho de um dentista que usava a própria casa como consultório, Zuckerberg desenvolveu ainda criança o “Zucknet”, um sistema de mensagens caseiro que já antecipava sua obsessão por conectar pessoas. Décadas depois, o Facebook surgiria no dormitório H33 da Universidade Harvard — e o resto virou história (e filme).
Hoje, além da mansão na capital, Zuckerberg é dono de um complexo de luxo em Lake Tahoe, um bunker bilionário no Havaí e propriedades em Palo Alto, na Califórnia. No Havaí, rumores sobre a construção de um refúgio apocalíptico levantaram suspeitas, que ele nega: “Só quero criar o melhor gado do mundo”, disse, entre risos, em entrevista à Bloomberg.
Meta, política e futuro
Oficialmente, a empresa declarou que a nova base em Washington permitirá que Zuckerberg “esteja mais próximo do centro das decisões enquanto a Meta trabalha em políticas públicas relacionadas à liderança tecnológica dos EUA”.
Seja para influenciar o Congresso, proteger seus interesses comerciais ou moldar a regulação digital, Mark Zuckerberg está mais perto do coração do poder do que nunca — e não pretende sair dos bastidores tão cedo.