Começa hoje, em Washington, o julgamento que pode abalar os pilares do império Google e mudar para sempre o modo como usamos a internet. Em jogo está o futuro do serviço de buscas mais popular do mundo — e, com ele, o domínio da gigante de tecnologia sobre um dos mercados mais lucrativos da era digital.
A audiência desta segunda-feira (21), na Corte Distrital Federal, marca o início da fase decisiva de um processo antitruste movido pelo Departamento de Justiça dos EUA. O objetivo: desmantelar o que já foi reconhecido pela Justiça como um monopólio ilegal.
Em agosto do ano passado, o juiz federal Amit Mehta cravou que o Google abusou de sua posição dominante ao pagar bilhões de dólares — US$ 26 bilhões, segundo os autos — para manter seu buscador como padrão em smartphones e navegadores, sufocando concorrentes e controlando o acesso à informação online.
Agora, a Justiça americana decide como esse monopólio será quebrado — e a venda do navegador Chrome está na mesa como uma das opções.
Do Biden ao Trump: mudança à vista?
Sob o governo Biden, o Departamento de Justiça defendeu medidas drásticas, como a cisão de partes da empresa. Mas com a volta de Donald Trump à presidência, a direção do processo pode mudar. Fontes citadas pela Bloomberg revelaram que executivos da Alphabet, controladora do Google, iniciaram conversas com o novo governo para tentar suavizar o impacto das medidas.
Essa movimentação nos bastidores ocorre dias depois de outro golpe: no último dia 17, uma juíza federal da Virgínia também decidiu que o Google atuou ilegalmente para manter o controle sobre o mercado de publicidade digital — mais uma frente de batalha jurídica para a empresa de Mountain View.
O que está em jogo
A decisão do tribunal pode forçar o Google a reformular seu modelo de negócios, abrir espaço para concorrência e até alterar o modo como bilhões de pessoas interagem com a web diariamente.
Mais do que um julgamento contra uma big tech, o caso se tornou símbolo da crescente pressão global por regulação de gigantes digitais — e do embate entre poder corporativo e interesse público na era da informação.