A diversificação das lavouras em Mato Grosso está entrando em uma nova era com a ascensão dos pulses - uma classe de grãos especiais que inclui gergelim, chia, feijões raros, amendoim e até variedades menos conhecidas, como o mungo verde e o mungo preto. De acordo com dados do IBGE apresentados na Reunião de Estatísticas Agropecuárias (Reagro), a tendência de plantio como segunda ou terceira safra está ganhando força devido à rentabilidade elevada, ao risco reduzido em termos climáticos e à alta demanda no mercado internacional.
Na safra 2024/2025, quatro municípios já estão cultivando chia em 1.540 hectares, com uma produção estimada de 1,2 mil toneladas. O amendoim, presente em 21 municípios, ocupa 12 mil hectares, com previsão de 39,4 mil toneladas. No entanto, o destaque vai para o gergelim, cuja produção deve aumentar em 10,5%, atingindo 272 mil toneladas - equivalente a 70% de toda a produção brasileira, como revelado pelo 9º Levantamento de Grãos da Conab divulgado recentemente.
Hugo Garcia, presidente da Associação dos Produtores de Feijões, Pulses, Grãos Especiais e Irrigantes de Mato Grosso (Aprofir), atribui o impulso no aumento da área e da produção de gergelim à recente abertura do mercado chinês, resultado das ações coordenadas entre o Governo do Estado, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec). Ele destaca a aptidão para exportação dos pulses, afirmando que têm se mostrado mais rentáveis do que o milho segunda safra em algumas regiões, com contratos antecipados e maior segurança para os produtores.
Além disso, Garcia aponta que, a longo prazo, os pulses devem começar a rivalizar com as principais culturas agrícolas do estado, como a soja, o milho e o algodão, especialmente devido à expansão da irrigação, com estudos em andamento e apoio do Governo Estadual. Ele prevê que os pulses serão uma das principais culturas de Mato Grosso, ao lado das culturas tradicionais, quando a irrigação atingir de 8 a 10 milhões de hectares. O amendoim está ganhando espaço, com a expectativa de uma área ainda maior no próximo ano com a instalação de uma fábrica de beneficiamento em Nova Ubiratã.
César Miranda, secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, destaca o apoio ativo do Governo no desenvolvimento dos pulses, incluindo recursos para estudos sobre o potencial das águas subterrâneas e superficiais em parceria com universidades renomadas. Ele ressalta a política estadual de estímulo à diversificação, com incentivos fiscais e a atuação da Câmara Técnica de Feijão, Pulses e Grãos, proporcionando condições para os produtores locais prosperarem e conquistarem mercados globais.