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07 de Junho de 2025, 09h:56 - A | A

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AVIAÇÃO & AGRO

Jato de R$ 112 milhões faz parada estratégica no MT antes de evento em SP

Cessna Citation Latitude participa de feira de aviação rural e reforça papel da aviação executiva no agronegócio brasileiro

Da Redação



Um Cessna Citation Latitude, jato executivo de médio porte fabricado pela americana Cessna Aircraft Company (subsidiária da Textron Aviation), com valor estimado a partir de US$ 20 milhões (cerca de R$ 111,8 milhões), chegou ao Brasil antes do previsto para participar de dois eventos. O destino principal era o Catarina Aviation Show, feira fechada da JHSF e NürnbergMesse Brasil, em São Roque (SP), que ocorre até este sábado (7).

Antes de pousar em solo paulista, no entanto, a aeronave fez uma escala especial em Cuiabá (MT), nos dias 30 e 31 de maio, onde participou da Bom Futuro Experience, feira organizada pela influente família Maggi Scheffer, no aeroporto privado da própria família, que já recebeu investimentos de R$ 100 milhões.

Embora ainda não existam unidades do Latitude registradas em operação no Brasil, fontes do setor afirmam que o modelo já foi adquirido e deve estrear no país no próximo ano — e sim, com destino ao agronegócio. O jato acomoda até nove passageiros e possui autonomia de cerca de 5 mil quilômetros, ideal tanto para voos internacionais quanto para cobrir as longas distâncias entre propriedades rurais.

Agro decola com aviação

Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o país conta com 15.499 aeronaves civis registradas. O estado de São Paulo lidera o ranking, seguido pela região Centro-Oeste, com destaque para Mato Grosso, que possui 1.857 aeronaves, sendo o segundo maior polo do país, à frente de Minas Gerais (1.706) e Paraná (1.635).

A expansão da aviação agrícola e executiva tem impulsionado grandes investimentos em logística aérea. Um dos protagonistas dessa transformação é a Pioneiro Combustíveis, que nasceu em Manaus justamente por ser ponto de entrada de aeronaves vindas do exterior. Hoje, a empresa atua em 34 aeroportos e movimenta cerca de 60 milhões de litros de combustível por mês, com previsão de R$ 380 milhões em faturamento para 2025 — quase o dobro dos R$ 180 milhões de cinco anos atrás.

“Com a mecanização da lavoura, o avião virou ferramenta mais eficiente que o trator. Isso impulsionou também a aviação executiva”, explica Rolf Tambke, da segunda geração à frente da empresa.

Infraestrutura sob medida

No Mato Grosso, a Pioneiro opera em Alta Floresta, Sinop, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Primavera do Leste, Canarana e Cuiabá. Em algumas localidades, constrói infraestrutura completa de abastecimento, com postos, tanques homologados e certificações da Anac. A base de maior porte fica em Sorriso, com capacidade para 400 mil litros.

Além da Bom Futuro, outra estrutura importante no estado é o Aeroporto Executivo de Santo Antônio do Leverger, com pista de 1.800 metros e operação 24 horas. O local receberá a Feira da Aeronave, voltada para compra e venda de aviões, entre 19 e 21 de agosto. Já a Bom Futuro Experience, segundo os organizadores, deve se tornar evento anual.

Segundo Eraí Maggi Scheffer, fundador do grupo Bom Futuro, o investimento no novo terminal de passageiros (R$ 25 milhões) é estratégico: “Transformamos uma necessidade logística em um ativo. Aqui o avião pousa e o executivo volta no mesmo dia para São Paulo. Isso atrai negócios”, explica.

Hoje, cerca de 70 aeronaves estão hangariadas no aeroporto, 95% de produtores rurais, com valor estimado em R$ 1,1 bilhão.

Avião deixou de ser luxo

Para especialistas, como Luiz Stumpf, gerente de vendas da TAM Aviação Executiva, o avião hoje é ferramenta de produtividade. “Não é luxo, é operação. O produtor participa de reuniões, negociações internacionais e precisa de mobilidade rápida.”

A TAM, que representa Cessna, Beechcraft e Bell Helicópteros no Brasil, viu aumento expressivo na demanda, especialmente no Centro-Oeste e no Matopiba (Mato Grosso, Tocantins, Piauí e Bahia), que soma 1.148 aeronaves registradas.

Entre os modelos preferidos estão os turboélices, como o King Air, ideais para pistas não asfaltadas, e jatos leves, como o Citation M2 e o CJ3, indicados para voos mais longos.

Já os helicópteros, segundo Daniel Cagnacci, da Bell Helicópteros, vêm sendo adotados por sua versatilidade e rapidez em curtas distâncias, inclusive em locais sem infraestrutura de pista. “Há produtores que preferem começar pelo helicóptero, pela agilidade e menor exigência de estrutura”, conta.

Conectando o campo ao mundo

Hoje, muitos produtores compõem frotas mistas, com aviões e helicópteros. “Um cobre distâncias médias e interestaduais, o outro permite visitas técnicas e transporte ágil entre fazendas”, diz Stumpf.

A lógica é clara: o tempo virou um ativo estratégico no agronegócio — e a aviação, a chave para aproveitá-lo ao máximo.

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